terça-feira, 20 de março de 2012

HABEMUS PAPAM DE NANNI MORETTI
















HAVEMUS PAPAM, ITÁLIA-FRANÇA/2011, 102 MIN. comédia dramática
ELENCO:
NANI MORETTI – PSIQUIATRA
MICHEL PICOLLI – PAPA
MARGHERITA BUY
Nomeado à Palma de Ouro, em 2011, no Festival de Cannes, essa mistura de drama e comédia foi uma excelente oportunidade para que esse talentoso diretor e roteirista italiano falasse sobre problemas tão atuais: poder e competência. O poder é objeto de desejo da maioria das pessoas na atualidade, mas as reponsabilidades e os desafios que o acompanham são, na maioria das vezes, desastrosos, visto que a ambição humana é cada vez maior e insaciável. Nessa deliciosa comédia, o papa morre e um conclave ocorre para que se eleja o novo papa. Tudo isso mostrando a beleza, a riqueza dos rituais da igreja católica e a seriedade da escolha. A Praça São Pedro encontra-se repleta de fiéis e jornalistas, mas fora dos muros do Vaticano as notícias são vetadas. Os candidatos dos mais diversos continentes estão ansiosos e ao mesmo tempo alarmados pela deliberação final. Essas são uma das melhores cenas do filme. Finalmente os jornalistas com suas câmeras apontadas para a fumaça negra e para a sacada principal, observam que a queima dos votos cessara. Habemus Papam. O doce e tímido cardeal Melville, representado maravilhosamente pelo idoso e espetacular ator Michel , é escolhido como o novo representante de Deus. Aturdido vai em direção à sacada, onde anunciam sua posse, mas tomado por uma crise psicológica gravíssima diante de tal responsabilidade só consegue expressar um horrível grito de desespero e não aparece para saudar o povo. Acha-se indigno e inadequado para tal posição, pedindo ajuda para seus pares. A solução encontrada é chamar o melhor psiquiatra e professor da Itália, o próprio Moretti nesse papel, para resolver sua crise de identidade. Esse artifício mostra-se inadequado, uma vez que todos estariam em volta do santo homem e a maioria das perguntas é considerada imprópria. Moretti revela que sua mulher, também psiquiatra, era ótima profissional e tinha uma tese em que a criança que teria sido negligenciada durante os seis primeiros meses de vida seguiria por toda a existência com essa sequela inconsciente. Esses fatos são hilários, pois desde a cobrança das consultas até as origens da vida de Melville não poderão ser analisadas e não se chegará a qualquer conclusão. Picolli (Melville) desaparece e tenta viver da maneira mais humana possível para se encontrar. Aos poucos, consegue enxergar seus problemas mais íntimos e seus desejos não realizados. Com isso veremos as redondezas do Vaticano, como a mídia trata o caso e o contato anônimo com seu povo. O final é bastante original e nos dá a medida certa da importância de cada pessoa e de suas possibilidades ou impossibilidades.

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