segunda-feira, 12 de março de 2012

CAIRO 678 DE MOHAMED GIAB











678, EGITO, 2010, DRAMA, 100 MIN.
ELENCO:
BOSHRA
NELLY KARIM
MAGED EL KEDWANY
O filme é dirigido por Moramed Giab, um dos novos nomes de diretores do Egito. Peça quase documental, descrevendo e denunciando o lugar da mulher moderna, em uma nação que as trata como objetos. Refere-se à sina de três delas, duas ricas e independentes e uma verdadeira representante da classe média egípcia e mulçumana. É pesado, trazendo muita revolta e angústia para as mulheres do ocidente. Inicia-se com cenas das mãos de uma rica joalheria e artesã, fazendo um casal de bonecos dançando amorosamente. Trata-se de um pingente muito procurado. Essa jovem é casada com um médico esclarecido e o casamento parece muito feliz. Eles vão a um jogo de futebol e o marido incita a mulher a torcer pelo Egito como uma verdadeira egípcia. Uma imposição. No portão de saída, lotado de homens, ela se separa do marido sendo arrastada, cercada por brutamontes e estuprada. Estava no início de uma gravidez, mas o marido não consegue mais olhá-la, a não ser com desprezo pelo ocorrido. Precisava de um tempo para se recompor. Passa a viver sozinha e, assim, ministra um curso de defesa para mulheres que sofrem de assédio sexual, ato corriqueiro naquela sociedade. Em vão, todas as folhas com perguntas são devolvidas em branco pelas alunas. Em outras cenas vemos a jovem muçulmana convicta, coberta da cabeça aos pés, mãe de dois filhos e casada, que ao pegar o ônibus a fim de trabalhar, é sempre assediada por homens. Eles se encostam às mulheres e se desfrutam, sem serem repreendidos nem por elas nem por ninguém. Desesperada e traumatizada não quer mais saber do marido e demonstra isso claramente. Resolvendo ir ao curso, tímida ouve as instruções e no fim da aula a professora lhe chama e diz que elas deveriam se rebelar e se defender. É o que faz, mais uma vez molestada, pega o alfinete que segura seu véu, enfia-o profundamente na mão do agressor, dentro do veículo lotado. Isso causa uma prontidão, mas ele não diz o que se passou. Numa segunda vez defende-se com um canivete e o caso acaba indo parar na mídia. Outra jovem, noiva, que quer ser humorista, também é assediada quando atravessa uma larga avenida, mas esse caso não fica em aberto. Eles vão parar na polícia, que faz de tudo para não registrar o ocorrido. Aí estão três situações diversas, mas com reações explícitas das mulheres. O desenrolar do filme é muito interessante, pois mostra as atitudes femininas e masculinas a tais fatos. Serão cenas desconcertantes e até frustrantes, mas, finalmente, depois de um ano, em 1999, o assédio é considerado crime no país. 678 é o numero do processo instalado. Entretanto até hoje são raros os casos de denúncia. Imperdível. Ótima atuação das atrizes e as histórias são reais.

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