DJANGO UNCHAINED, EUA, 2012, DRAMA, 165 MIN.
ELENCO:
JAMIE FOXX
– DJANGO
CHRISTOPH
WAlTZ - KING SCHULTZ
LEONARDO DICAPRIO – CALVIN CANDIE
KERRY WASHINGTON -
HILDE
Tarantino oferece, continuamente,
filmes excelentes aos seus admiradores, como PULP FICTION, CÃES DE ALUGUEL,
KILL BILL, BASTARDOS INGLÓRIOS e agora o excelente DJANGO LIVRE, premiado pelo
Globo de Ouro como melhor roteiro original e ator coadjuvante, o mestre Waltz.
Ele oferece um tributo à libertação da escravatura e ao western. Baseado em uma
lenda alemã romântica, quando uma princesa é salva por um príncipe, no alto da
montanha, vigiada por um dragão e um círculo de fogo o filme gera frisson.
Horror era o que estava acontecendo aos escravos nos Estados Unidos, com o país
fervilhando entre duas correntes políticas e ideológicas, três anos antes da
abolição dos escravos em 1858. Em sua incrível história começamos, no Texas,
com 5 escravos acorrentados por dois brancos que iriam vendê-los no mercado
negro. Era uma noite gelada de inverno e
esses negros não usavam camisa, mostrando suas cicatrizes. São abordados pelo
dono de uma diligência, o dentista Dr. Schultz, que agora era caçador de
recompensas e um exímio atirador. A abordagem ocorre porque sabe que lá estaria
Django, um escravo hábil e inteligente, que conhecia os malfeitores cujas
cabeças estavam a prêmio. Comprando esse homem, combinam que seriam parceiros
nas próximas empreitadas e que liberto, iriam à procura da bela Hilde, escrava
de um sádico, em uma fazenda no Mississipi. A história deles era muito parecida
com a do mito alemão de Siegfried e Brünhilde. Tarantino durante o roteiro vai
poder mostrar a aversão que sente por esse período apavorante da história das
Américas. Django torna-se mais do que um parceiro, um companheiro calado e
habilidosíssimo com o manejo de armas, o qual poderia ser chamado de o maior
atirador do sul, segundo o dentista. A
fotografia e música, fazem toda a diferença para abrilhantar ainda mais os
acontecimentos. Depois de darem cabo de vários infratores, procurados vivos ou
mortos, mas que preferem entregar mortos, eles fazem uma pequena fortuna. A
partir daí resolvem seguir para o Mississipi ao encontro de Hilde, esposa de
Django, a escrava que falava alemão por ter sido criada junto a uma família
alemã. Separada do marido a força, ela mora na belíssima fazenda de Calvin
Candie, um escravocrata sádico e solteiro, que adorava lutas entre escravos,
até que um deles morresse, e deixava que seus cães comessem os fugitivos sem
mais valor. Eles são obrigados a arquitetar um plano para chegarem até esse indivíduo
riquíssimo, numa espetacular apresentação de Leonardo DiCaprio. Nesse momento
da trama temos um jogo psicológico dos mais interessantes, abordando até mesmo
o cruel relacionamento entre escravos livres e seus irmãos. Eram mais violentos
que os próprios brancos. Esse jogo psicológico é essencial para que cheguem à
linda Hilde. A plateia torna-se refém dos fatos, mas, propositalmente,
revelam-se bastante frustrantes, seguindo uma linha lógica. No terço final
começa com uma reviravolta, própria do gênio Tarantino, onde música, fotografia
e barris de sangue são pródigos, com cenas de ação espetaculares. Os
personagens são figuras enigmáticas, que mescladas à brutalidade das
sequências, dão credibilidade ao final romântico, fechando a lenda
germânica. Essa é uma desconstrução
desse triste episódio do sangrento século XIX, nos Estados Unidos.
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