sábado, 19 de janeiro de 2013

DJANGO LIVRE DE QUENTIN TARANTINO


 

DJANGO UNCHAINED, EUA, 2012, DRAMA, 165 MIN.

ELENCO:

JAMIE FOXX – DJANGO

CHRISTOPH WAlTZ - KING SCHULTZ

LEONARDO DICAPRIO – CALVIN CANDIE

KERRY WASHINGTON  - HILDE

Tarantino oferece, continuamente, filmes excelentes aos seus admiradores, como PULP FICTION, CÃES DE ALUGUEL, KILL BILL, BASTARDOS INGLÓRIOS e agora o excelente DJANGO LIVRE, premiado pelo Globo de Ouro como melhor roteiro original e ator coadjuvante, o mestre Waltz. Ele oferece um tributo à libertação da escravatura e ao western. Baseado em uma lenda alemã romântica, quando uma princesa é salva por um príncipe, no alto da montanha, vigiada por um dragão e um círculo de fogo o filme gera frisson. Horror era o que estava acontecendo aos escravos nos Estados Unidos, com o país fervilhando entre duas correntes políticas e ideológicas, três anos antes da abolição dos escravos em 1858. Em sua incrível história começamos, no Texas, com 5 escravos acorrentados por dois brancos que iriam vendê-los no mercado negro.  Era uma noite gelada de inverno e esses negros não usavam camisa, mostrando suas cicatrizes. São abordados pelo dono de uma diligência, o dentista Dr. Schultz, que agora era caçador de recompensas e um exímio atirador. A abordagem ocorre porque sabe que lá estaria Django, um escravo hábil e inteligente, que conhecia os malfeitores cujas cabeças estavam a prêmio. Comprando esse homem, combinam que seriam parceiros nas próximas empreitadas e que liberto, iriam à procura da bela Hilde, escrava de um sádico, em uma fazenda no Mississipi. A história deles era muito parecida com a do mito alemão de Siegfried e Brünhilde. Tarantino durante o roteiro vai poder mostrar a aversão que sente por esse período apavorante da história das Américas. Django torna-se mais do que um parceiro, um companheiro calado e habilidosíssimo com o manejo de armas, o qual poderia ser chamado de o maior atirador do sul, segundo o dentista.  A fotografia e música, fazem toda a diferença para abrilhantar ainda mais os acontecimentos. Depois de darem cabo de vários infratores, procurados vivos ou mortos, mas que preferem entregar mortos, eles fazem uma pequena fortuna. A partir daí resolvem seguir para o Mississipi ao encontro de Hilde, esposa de Django, a escrava que falava alemão por ter sido criada junto a uma família alemã. Separada do marido a força, ela mora na belíssima fazenda de Calvin Candie, um escravocrata sádico e solteiro, que adorava lutas entre escravos, até que um deles morresse, e deixava que seus cães comessem os fugitivos sem mais valor. Eles são obrigados a arquitetar um plano para chegarem até esse indivíduo riquíssimo, numa espetacular apresentação de Leonardo DiCaprio. Nesse momento da trama temos um jogo psicológico dos mais interessantes, abordando até mesmo o cruel relacionamento entre escravos livres e seus irmãos. Eram mais violentos que os próprios brancos. Esse jogo psicológico é essencial para que cheguem à linda Hilde. A plateia torna-se refém dos fatos, mas, propositalmente, revelam-se bastante frustrantes, seguindo uma linha lógica. No terço final começa com uma reviravolta, própria do gênio Tarantino, onde música, fotografia e barris de sangue são pródigos, com cenas de ação espetaculares. Os personagens são figuras enigmáticas, que mescladas à brutalidade das sequências, dão credibilidade ao final romântico, fechando a lenda germânica.  Essa é uma desconstrução desse triste episódio do sangrento século XIX, nos Estados Unidos.



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