DUPA DEALURI, ROMÊNIA, FRANÇA, BÉLGICA/2012, 150 MIN. DRAMA
ELENCO:
COSMINA STRATAN
CRISTINA FLUTUR
VALERIU ANDRIUTA
DANA TAPALAGA
Era uma vez um pequeno monastério
medieval, na gelada Romênia, situado além das montanhas, que abrigava um severo
padre ortodoxo, uma bondosa madre e algumas freirinhas com seus hábitos pretos
que cobriam todo o corpo. Dentre elas havia uma noviça, Voichita (Cosmina
Stratan) que lá fora buscar fé, paz e alento. Tudo corria dentro de severas
ordens harmônicas, até que Voichita recebe a visita de uma amiga de orfanato,
Alina (Cristina Flutur). Esse é o cenário inicial desse drama filosófico,
baseado em fatos de 2005, dirigido pelo excelente diretor de 4 Meses, 3 Semanas
e 2 Dias. Tal qual o primeiro filme este será desvendado aos poucos, em
movimentos lentos, fase a fase, para que possamos absorver sua mensagem. Essas duas jovens
haviam morado juntas em um orfanato por muitos anos. Alina, que estivera
trabalhando na Alemanha, vem à procura de seu grande amor, Voichita, pois não
consegue viver longe dela. Problemática psicologicamente, talvez pela solidão
do abandono e do regime político do país, torna, com sua presença, o que era
harmonia em caos. Veremos com o decorrer do drama, que o padre reluta muito em
aceitar sua presença, por seu gênio forte e o livre-arbítrio dessa personagem
tão contrastante com as outras. A religião era a tábua de salvação, que as
levaria para a paz, ao passo que a escolha própria, em tempos tão conturbados,
só poderia desdobrar-se em desarmonia. Voichita advogará a favor de sua amiga,
que no momento seria só isso, pois sua escolha já havia sido tomada, mas a
situação foge de qualquer controle e Aline mostra-se um gênio indomável. É
enviada a um hospital psiquiátrico, mas o médico não quer assumir nenhuma
responsabilidade e aconselha que o monastério seria o melhor lugar para que ela
encontrasse calma e sossego. Isso se mostra impossível, até que, sem meios
racionais, a crença no Diabo fala mais alto e um exorcismo será tentado. A
partir daí os problemas de fé e religião se complicam, levando a um estado
extremo de resultados desastrosos. Neste terço final do filme, o brilhante
diretor volta aos nossos dias e veremos a realidade com crianças indo à escola,
um trabalhador perfurando o concreto das ruas, e as cenas comuns de uma cidade
mais desenvolvida. A religião estará sob as leis escritas pelo país, pois um crime ocorreu. É como um banho de luz, pois todo o filme transcorre com
velas e lampiões. Você deverá decidir, em um final em aberto, sobre a religiosidade
versus a razão científica, que foi tema de grandes discussões entre os
filósofos pós-idade média. Filme
brilhante, mas não aconselhado para pessoas que gostem de assuntos mais
amenos, pois cenas de exorcismo são exibidas.
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