domingo, 13 de janeiro de 2013

ALÉM DAS MONTANHAS DE CRISTIAN MUNGIU



DUPA DEALURI, ROMÊNIA, FRANÇA, BÉLGICA/2012, 150 MIN. DRAMA

ELENCO:

COSMINA STRATAN

CRISTINA FLUTUR

VALERIU ANDRIUTA

DANA TAPALAGA

Era uma vez um pequeno monastério medieval, na gelada Romênia, situado além das montanhas, que abrigava um severo padre ortodoxo, uma bondosa madre e algumas freirinhas com seus hábitos pretos que cobriam todo o corpo. Dentre elas havia uma noviça, Voichita (Cosmina Stratan) que lá fora buscar fé, paz e alento. Tudo corria dentro de severas ordens harmônicas, até que Voichita recebe a visita de uma amiga de orfanato, Alina (Cristina Flutur). Esse é o cenário inicial desse drama filosófico, baseado em fatos de 2005, dirigido pelo excelente diretor de 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias. Tal qual o primeiro filme este será desvendado aos poucos, em movimentos lentos, fase a fase, para que possamos absorver sua mensagem. Essas duas jovens haviam morado juntas em um orfanato por muitos anos. Alina, que estivera trabalhando na Alemanha, vem à procura de seu grande amor, Voichita, pois não consegue viver longe dela. Problemática psicologicamente, talvez pela solidão do abandono e do regime político do país, torna, com sua presença, o que era harmonia em caos. Veremos com o decorrer do drama, que o padre reluta muito em aceitar sua presença, por seu gênio forte e o livre-arbítrio dessa personagem tão contrastante com as outras. A religião era a tábua de salvação, que as levaria para a paz, ao passo que a escolha própria, em tempos tão conturbados, só poderia desdobrar-se em desarmonia. Voichita advogará a favor de sua amiga, que no momento seria só isso, pois sua escolha já havia sido tomada, mas a situação foge de qualquer controle e Aline mostra-se um gênio indomável. É enviada a um hospital psiquiátrico, mas o médico não quer assumir nenhuma responsabilidade e aconselha que o monastério seria o melhor lugar para que ela encontrasse calma e sossego. Isso se mostra impossível, até que, sem meios racionais, a crença no Diabo fala mais alto e um exorcismo será tentado. A partir daí os problemas de fé e religião se complicam, levando a um estado extremo de resultados desastrosos. Neste terço final do filme, o brilhante diretor volta aos nossos dias e veremos a realidade com crianças indo à escola, um trabalhador perfurando o concreto das ruas, e as cenas comuns de uma cidade mais desenvolvida. A religião estará sob as leis escritas pelo país, pois um crime ocorreu. É como um banho de luz, pois todo o filme transcorre com velas e lampiões. Você deverá decidir, em um final em aberto, sobre a religiosidade versus a razão científica, que foi tema de grandes discussões entre os filósofos pós-idade média.  Filme brilhante, mas não aconselhado para pessoas que gostem de assuntos mais amenos, pois cenas de exorcismo são exibidas.

 

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