terça-feira, 29 de janeiro de 2013

LINCOLN DE STEVEN SPIELBERG



LINCOLN EUA/INDIA, 2012, DRAMA, 145 MIN.

ELENCO:

DANIEL DAY-LEWIS –  LINCOLN (1809-1865)

JOSEPH GORDON-LEVITT 

TOMMY LEE JONES –

SALLY FIELD  - SRA. LINCOLN

Esse novo trabalho de Spielberg concorre a doze indicações do Oscar. Venceu o Globo de Ouro de melhor atriz e ator coadjuvantes (Sally Field (espetacular!) e Tommy Lee Jones) e melhor ator dramático para Day-Lewis numa representação perfeita e preciosa. Sem excessos, com longas falas e uma fotografia de tirar o fôlego, o excelente roteiro foi escrito por Tony Kushner baseado no livro da historiadora Doris Kearns Goodwin. O longa descreve o mais importante período da história do país, durante a sangrenta Guerra da Secessão (1861-1864), no seu período final quando Abraham Lincoln, o mais importante e querido presidente americano, consegue a aprovação da décima terceira emenda constitucional, que determinou a Abolição da Escravatura em todo Estados Unidos da América. No início do filme nos contam um pouco desse período, explicando que o caso da escravidão naquele país sempre foi uma chaga nunca tratada, pois havia muitos estados contra a desumana situação dos navios negreiros. Finalmente em 1865, pouco antes do término da guerra, ocasionada exatamente por esse fato, Lincoln dá seu sangue e vende sua alma, a fim de realizar esse sonho antes do final do conflito, pois com ele encerrado, corriam o risco de não terem a décima terceira emenda aprovada. Lincoln era a Palavra, a Ponderação, a Ousadia e a Fraternidade. Homem calmo e pragmático, falava sempre citando algumas histórias que lhes foram caras e didáticas. Seus discursos eram famosos pela didática e pelo apelo dramático e simples, mas convincentes, que fazia aos seus Senadores, Deputados e Povo. Era pai de três filhos homens e casado com uma determinada mulher que sabia o que queria e compreendia seu marido, mesmo tendo sido internada por ele em um hospício, depois da morte do primogênito na guerra. As primeiras cenas são tristíssimas, no campo de batalha, onde soldados estão mortos, uns em cima de outros, em grande quantidade. Dois jovens brancos vêm falar com ele seguidos de dois negros, que formavam um batalhão especial, para defender causa tão nobre. Esses negros haviam sido emancipados há dois anos e, apesar do orgulho, tinham certeza de que jamais votariam ou chegariam a um posto superior ao de cabo. Vemos os dois meses finais em que atua para convencer os republicanos conservadores e os democratas sulinos, que todos só teriam um país grandioso se os negros fossem libertados e livres, para seguir a vida que quisessem. Muitas manobras e conflitos familiares se passam, como a vinda do segundo filho da universidade, que quer alistar-se de qualquer maneira e o pequeno que só anda uniformizado de mini soldado. As altercações com a mulher são frequentes, mas sempre chegam ao melhor que poderia ser feito. Seu amor pelo povo era maior do que tudo que pudesse acontecer, e ele se vê obrigado a traçar caminhos tortuosos e pouco convencionais, como comprar democratas a custo de um emprego garantido ou oferecer dinheiro. Seu intento era que a abolição ocorresse em primeiro de fevereiro, antes que uma delegação sulista para por fim a guerra pudesse chegar a Washington e para isso, ele mesmo vai tentar convencer seus partidários e oponentes. Daniel Day-Lewis, como o presidente, dá seu sangue para que haja um engajamento total a tão prestigiada figura de Lincoln. Sua voz, sua expressão e autocontrole não deixam de estarem presentes em nenhum momento. Os atores coadjuvantes são excelentes, assim como o figurino e maquiagem de época, que, diga-se de passagem, eram bastante deprimentes, com enormes cartolas e fraques pretos, os cabelos um pouco longos e as pobres mulheres com sais rodadas enormes, raspando na lama e terra e espartilhos de tirar o fôlego. Esse é um filme lindo e especial, tanto por seu conteúdo histórico como pela qualidade de direção, interpretação, música, fotografia e todo o mais.

 

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