OS MISERÁVEIS DE TOM HOOPER
LES MISÉRABLES, REINO UNIDO/2012, MUSICAL, 157 MIN.
ELENCO:
HUGH
JACKMAN – PRESIDIÁRIO JEAN VALJEAN
ANNE HATHAWAY
– FANTINE
RUSSELL CROWE - JAVERT
AMANDA
SEYFRIED - COSETTE
EDDIE
REDMAYNE - MARIUS
SAMANTHA
BARKS - ÉPONINE
SACHA BARON
COHEN
Adaptação do musical baseado na
obra de um dos mais famosos escritores da França, Victor Hugo (1802-1865),
dirigido por Tom Hooper de O Discurso do Rei, está indicado em oito categorias
de Oscar, incluindo melhor filme, ator e atriz coadjuvante. Esse maravilhoso
filme, que tem estrutura para ganhar um Oscar com grande justiça, recebeu o
Globo de Ouro de melhor musical. O drama se passa na França do século XIX,
tendo como pano de fundo a Revolução Francesa e a derrota de Napoleão em
Walterloo, nos idos de 1832. Com ela vem outro reinado e outra revolta da
pobreza, pela tão proclamada Liberdade, Igualdade e Fraternidade, símbolo de
uma revolução e decapitação de vários reis e nobres. Se fosse preciso o povo tornaria a pegar em
armas, segundo alguns bravos e patrióticos indivíduos. O vermelho, azul e
branco da bandeira seria respeitado e honrado. Vitor Hugo, pertencente à elite,
acaba se dando conta dessa pobreza, ignorada por todos de tão presente e
cotidiana. O livro, que pertence a corrente do romantismo, teve uma vendagem
espetacular em seu lançamento (1862) e é até hoje consagrado. O enredo
baseia-se na soltura de um ex-presidiário (espetacular Hugh Jackman), depois de
passar 19 anos nas galés por ter roubado pão para a irmã. Será perseguido pelo
inspetor implacável, Javert, na pele de Russell Crowe. Era um homem tão
obcecado por sua função que seu nome foi cunhado como sinônimo de perseguidor
implacável. Jean Valjean não conseguirá qualquer função na busca de empregos,
acabando por dormir na rua. Acolhido por um bispo, será tratado com dignidade,
mas antes de amanhecer rouba a prataria da igreja, todavia é preso por Javert e
retorna ao convento, onde é reconhecido pelo bispo que diz ter lhe dado de
presente a prataria e mais dois grandes e pesados castiçais que havia
esquecido. Embrutecido pelo sofrimento vê na atitude cristã uma oportunidade de
voltar a ser um homem descente. Torna-se dono de uma fábrica de tecidos e o
prefeito da cidade. Ao salvar um homem que cai de sua carroça é observado por
Javert, que vê naquela atitude sobre-humana, uma força que reconhece como sendo
de seu ex-detento. Nesse ínterim uma funcionária da fábrica, Fatine (a
maravilhosa Anne Hathaway) perde seu emprego por ser mãe de uma menina,
Cosette, e não ser casada. Fora iludida na juventude, quase infância, por um
jovem que as abandona e ela deixa a criança em uma hospedaria para ser cuidada,
onde passa pelas maiores provações, sem que ela saiba, apesar dos altos volumes
de dinheiro que envia. Desempregada e doente é levada de roldão para a
prostituição, quando conhece Valjean que jura cuidar de sua filha, pouco antes
de sua morte. Conseguindo localizar Cosette, passa a ser um homem feliz, mas
temeroso da prisão. Tornam-se quase fugitivos, mudando de endereço frequentemente.
Ele paga um altíssimo preço para salvar a menina. Nesse cenário da pobreza
extrema e falta de justiça, passam-se nove anos e vemos jovens franceses
preparando-se para outra revolução, formando barricadas na cidade de Paris, a
fim de derrotarem o exército e conseguirem vencer com a ajuda do povo francês,
que certamente estaria do lado deles, após a morte do general Lamarque. Dentre
eles está o nobre Marius, que abandona o conforto e fortuna para defender sua
causa. Ao ver de relance Cosette, apaixona-se perdidamente por ela e só terá
descanso quando puder conhecê-la e se casar com ela. É ajudado pela fiel e
apaixonada Éponine, grande revelação do filme. Durante a batalha, apesar da
força e obstinação dos jovens, são cruelmente mortos pelos militares, Marius
ferido e o povo recolhido em casa. Salvo por Valjean, vão parar nos esgotos da
cidade, entretanto conseguem se safar e o jovem é levado para um hospital. O
grande drama de seu libertador é deixar a filha ir e ficar só ou revelar o
paradeiro de seu amado. Ao ver o grande amor que os contagia, resolve deixar a
filha livre para ser feliz e não mais uma fugitiva, sem saber a causa. O final
é feliz. O que tenho a destacar é o grande desempenho desses atores-cantores, o
envolvimento psicológico que têm com seus personagens e a mobilidade que o
cinema propicia para revelar os meandros da história, que no palco perde sua
força e fica por conta da imaginação de cada um. Esse é um filme que podemos
dizer que realmente merece sua indicação, pela grandeza da obra e por destacar
a fraternidade, justiça e amor como temas principais, apesar do que se vê
desenrolando nessa nova modernidade do século XXI.







