JIAO YOU, CHINA, FRANÇA/ 2013, 138 MIN. DRAMA.
ELENCO:
LEE KANG
SHENG - PAI
YANG KUEI
MEI
LU YI CHING
Consagrado e premiado diretor
malaio de 56 anos, radicado na China, foi laureado pelo Júri no Festival de
Veneza de 2013 com esse trabalho. O filme tem um ritmo lentíssimo, quase sem
diálogos e planos longos. Não é para qualquer um, pois temos cenas de quase 13
minutos estáticas. Na de abertura, que demora mais de cinco minutos vemos duas
crianças dormindo e a mãe preocupada escovando os longos cabelos. A seguir você
terá de prestar muita atenção para não se perder. Um homem, seu único ator em vários filmes, pega um barco e sai
com dificuldade por causa da bebida que ingere. Logo depois vemos as crianças
que dormiam e em seguida brincavam em uma praia, vagando pela cidade de Taipei, em Taiwan. Um homem-placa é mostrado
em cenas alternadas executando seu trabalho embaixo de chuva e frio. Ele treme
e chora, cantando uma canção de desesperança e perda de uma nação. Trata-se do
alcoólatra pai das crianças, que estão sob sua reponsabilidade, comendo restos
de comida, dormindo juntos embaixo de construções e se lavando em banheiros
públicos. Ele sofre muito, mas as crianças parecem ter uma vida mais leve,
perambulando pelas ruas e por um supermercado. Lá encontram uma funcionária que
irá ajudá-los de algum modo, pois também é muito pobre. São pessoas que
trabalham, mas não tem um lar para descansar depois de um dia duro de labuta e
nenhuma perspectiva de futuro. A moderna cidade vibrante é mostrada para
intensificar o contraste entre essas realidades. Cães abandonados são vistos em
uma construção inacabada, que possui um belíssimo mural com a paisagem
montanhosa da ilha em preto e branco. Sob minha ótica, os cães do título são os
personagens. O filme tem umas interrupções abruptas, onde a tela fica escura e
parte para outros desafios. Contudo o enredo se arrasta, apesar da linda
fotografia. O terço final parece ser feliz, mas não sabemos exatamente o que
acontecerá àquela família. Uma das cenas mais pungentes é quando insone Lee
Kang Sheng, o pai, recai sobre uma boneca com o rosto de repolho, pintado pela
filha, e a beija com paixão, para depois sufocá-la com seu travesseiro e
devorá-la em um ato antropofágico e colérico, para desabar em um choro
compulsivo. É uma das mais longas do filme, entretanto comovente. Cinema cabeça
para quem gosta desse tipo de filme.
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