LE PASSÉ, FRANÇA, IRÃ, ITÁLIA, 2013, DRAMA.
ELENCO:
BÉRÉNICE BEJO – MARIE
ALI MOSAFFA – AHMAD
TAHAR RAHIM – SAMIR
ELYES AGUIS – MENINO FOUAD
PAULINE BURLET – LUCIE, FILHA ADOLESCENTE
LEA, FILHA CAÇULA
Asghar Farhadi, diretor iraniano,
dirigiu o filme espetacular A Separação, onde discute a família e a desunião da
mesma. Ele agora aborda mais um drama familiar no sensacional O Passado,
filmado na França e sob o ponto de vista masculino. É uma história de
gravíssimos conflitos familiares, todos escondidos, que virão à tona com a
presença de Ahmad, segundo marido da franco-argentina Marie, atuado com grande
sensibilidade por Ali Mosaffa. O desempenho de todos é muito impressionante e a
história nunca é o que parece ser, pois quando algum conflito parece ter sido
sanado, outros virão com força maior, com a intervenção de Ahmad, um homem
sensato, pragmático e que não suporta mentiras e situações agressivas e
veladas. O filme começa no aeroporto, quando ele chega do Irã, após quatro
anos, e sua ex-mulher o aguarda no saguão. Nada é explicado, tudo é deduzido
com o passar das cenas. Ele estranha que um hotel não tenha sido reservado e
passará uns dias em sua antiga casa. Terá a oportunidade de ver as meninas, que
o consideravam como pai e ansiavam por sua presença. Ao chegar, a casa está em
reforma e de cabeça para baixo. Além do mais um garoto arredio vive no mesmo
local, pois é filho do atual namorada de Marie, dono de uma lavanderia em
Paris. Sua chegada causa uma avalanche de sentimentos e confissões jamais
esperada, pois sendo pragmático não deixará que nada fique sem solução e as
culpas guardadas pelo resto da vida. Sua presença se justifica pela
formalização do divórcio, já que Marie pretende se casar novamente. Logo no
início vemos que o garoto de cinco anos gosta de morar com as garotas, uma
pequena e outra adolescente, todavia não suportou a presença do ex-marido,
assim como Lucie não concorda, absolutamente, com o passo que sua mãe irá dar.
Esses conflitos serão resolvidos com o decorrer da história, mas o passado nos
trará várias perguntas. Marie pede para que ele seja o mediador em muitas
dessas desordens. Concorda, mas tudo terá que ser elucidado com honestidade e
sem mentiras. No caminho do tribunal, Marie revela que está grávida para
espanto de Ahmad. Só então ficamos sabendo que não tiveram filhos e as meninas
são fruto de outro casamento. Samir anda preocupadíssimo, sua mulher está em
coma e hospitalizada há oito meses. É o fato mais determinante para a enxurrada
de mal entendidos e mentiras passadas. Todos sofrem, inclusive Ahmad por ver as
meninas e o garotinho em tal posição. A desunião da família está em seu ápice.
Marie encontra-se descontrola e histriônica, os filhos de ambos em pânico e os
motivos do coma mal contados. O final emocionante não pode deixar de ser bem
observado. É ambíguo, mas a chave desse roteiro escrito pelo próprio diretor.
Filme absolutamente imperdível e atual. O cinema iraniano e sua literatura
estão em fase muito profícua. Vamos aproveitar.
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