domingo, 11 de maio de 2014

O PASSADO DE ASGHAR FARHADI




LE PASSÉ, FRANÇA, IRÃ, ITÁLIA, 2013, DRAMA.
ELENCO:
BÉRÉNICE BEJO – MARIE
ALI MOSAFFA – AHMAD
TAHAR RAHIM – SAMIR
ELYES AGUIS – MENINO FOUAD
PAULINE BURLET – LUCIE, FILHA ADOLESCENTE
LEA, FILHA CAÇULA
Asghar Farhadi, diretor iraniano, dirigiu o filme espetacular A Separação, onde discute a família e a desunião da mesma. Ele agora aborda mais um drama familiar no sensacional O Passado, filmado na França e sob o ponto de vista masculino. É uma história de gravíssimos conflitos familiares, todos escondidos, que virão à tona com a presença de Ahmad, segundo marido da franco-argentina Marie, atuado com grande sensibilidade por Ali Mosaffa. O desempenho de todos é muito impressionante e a história nunca é o que parece ser, pois quando algum conflito parece ter sido sanado, outros virão com força maior, com a intervenção de Ahmad, um homem sensato, pragmático e que não suporta mentiras e situações agressivas e veladas. O filme começa no aeroporto, quando ele chega do Irã, após quatro anos, e sua ex-mulher o aguarda no saguão. Nada é explicado, tudo é deduzido com o passar das cenas. Ele estranha que um hotel não tenha sido reservado e passará uns dias em sua antiga casa. Terá a oportunidade de ver as meninas, que o consideravam como pai e ansiavam por sua presença. Ao chegar, a casa está em reforma e de cabeça para baixo. Além do mais um garoto arredio vive no mesmo local, pois é filho do atual namorada de Marie, dono de uma lavanderia em Paris. Sua chegada causa uma avalanche de sentimentos e confissões jamais esperada, pois sendo pragmático não deixará que nada fique sem solução e as culpas guardadas pelo resto da vida. Sua presença se justifica pela formalização do divórcio, já que Marie pretende se casar novamente. Logo no início vemos que o garoto de cinco anos gosta de morar com as garotas, uma pequena e outra adolescente, todavia não suportou a presença do ex-marido, assim como Lucie não concorda, absolutamente, com o passo que sua mãe irá dar. Esses conflitos serão resolvidos com o decorrer da história, mas o passado nos trará várias perguntas. Marie pede para que ele seja o mediador em muitas dessas desordens. Concorda, mas tudo terá que ser elucidado com honestidade e sem mentiras. No caminho do tribunal, Marie revela que está grávida para espanto de Ahmad. Só então ficamos sabendo que não tiveram filhos e as meninas são fruto de outro casamento. Samir anda preocupadíssimo, sua mulher está em coma e hospitalizada há oito meses. É o fato mais determinante para a enxurrada de mal entendidos e mentiras passadas. Todos sofrem, inclusive Ahmad por ver as meninas e o garotinho em tal posição. A desunião da família está em seu ápice. Marie encontra-se descontrola e histriônica, os filhos de ambos em pânico e os motivos do coma mal contados. O final emocionante não pode deixar de ser bem observado. É ambíguo, mas a chave desse roteiro escrito pelo próprio diretor. Filme absolutamente imperdível e atual. O cinema iraniano e sua literatura estão em fase muito profícua. Vamos aproveitar.



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