quarta-feira, 7 de maio de 2014

GETÚLIO DE JOÃO JARDIM





BRASIL/2014, 100 MIN. DOCUDRAMA
ELENCO:
TONY RAMOS – GETÚLIO
ALEXANDRE BORGES – CARLOS LACERDA
DRICA MORAES – ALZIRA VARGAS
Baseado nos últimos dias do presidente Getúlio Dornelles Vargas (1882-1954) João Jardim mostra como o cinema brasileiro pode produzir um ótimo docudrama, com excelente fotografia de Walter Carvalho, composição de época do Rio de Janeiro dos anos 50, música excelente e atuações primorosas do ator Tony Ramos no papel principal e de Drica Moraes como a filha Alzira Vargas, a preferida do presidente. Nos vinte anos em que esteve a frente do governo como Chefe de Estado, 15 deles ininterruptos, de 1930 a 1945 (oito como ditador) e mais três, de 1951, eleito pelo voto direto, até seu suicídio em 1954. O filme se concentra nos dezenove últimos dias de seu governo, onde ficou praticamente encerrado no palácio do Catete, no Rio, capital federal da época. Tony Ramos fez uma imersão de quase dois meses dentro do palácio, a fim de poder respirar a mesma atmosfera do líder. O enredo se inicia no dia do atentado da Rua Toneleros, que acabou matando o major Rubens Vaz e ferindo a perna do então seu maior inimigo político, o jornalista Carlos Lacerda (Alexandre Borges). Aí se desencadeia o fim de seu destino como brasileiro autoritário, inescrupuloso quando necessário e adorado por parte do povo. Era chamado de “pai dos pobres” por sua elaboração em leis sociais e trabalhistas que beneficiaram a classe baixa e a inclusão da Petrobrás no Estado. Seu perfil era muito discutível, pois teria uma sintonia com o regime de Hitler e Mussolini, durante a Segunda Guerra Mundial. Nesses dias finais aparenta ser um homem discreto, refinado, mas sem grandes luxos. Contudo sua vida era o poder a qualquer custo. Durante o atentado o governo já não possuía uma base coesa e até seu grande protetor, O Anjo Negro, acabou preso por ser considerado suspeito na trama. Vivia cercado por sua filha Alzirinha, também sua confidente e conselheira, e seus outros filhos e mulher. Nesses dias tenta uma viagem a Belo Horizonte, onde Juscelino era governador, mas foi vaiado pelo povão.  Encarcerado no Catete tenta descobrir o mandante do crime e passa a ver que estava sem saída. Nesse momento, decide escrever uma carta testamento, dizendo que saia do governo para entrar na História, guardando-a em sua escrivaninha, caso chegasse esse dia. O filme mostra seus colaboradores tentando de tudo para ampará-lo, mas os fatos levam ao pedido de Carlos Lacerda e outros políticos para que renuncie ao mandato. O jornal e a mídia em geral não o apoiavam. Veremos o interior do Catete, lindíssimo, as louças e talheres com que comia e suas roupas, incluindo o pijama que usava quando morreu. Sem mais o que fazer, pois jamais sairia de seu posto, anuncia a sua filha que tudo correria bem e que de lá só sairia morto. Fechado em seu quarto e com medo de deixar o local e ser preso, covardemente não honra seu compromisso com a nação e atira contra o próprio peito, morrendo. O filme é um ótimo motivo para recordarmos os fatos históricos tão importantes da época e revermos seus principais personagens. Tony e Drica são impecáveis em seus papéis, assim como todo elenco nos papéis secundários. Café Filho era seu vice e Tancredo Neves seu ministro da Justiça. Vale a pena ser visto independentemente da idade do espectador. Ele foi considerado um dos grandes políticos do Brasil.

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