ELENCO:
MICHAEL
KEATON – RIGGAN THOMAS
EMMA STONE
– FILHA
EDWARD
NORTON – MIKE SHINER
ANDREA
RIEBOKE – NAMORADA
AMY RYAN - EX-MULHER
ZACH GALIFLANAKIS – PRODUTOR
Escrito e dirigido pelo premiado
diretor mexicano, Alejandro González Iñarritu, Birdman é um dos longas mais
intrigantes dos últimos tempos. Michael Keaton foi escolhido para o papel, ou
melhor, o filme foi escrito para ele, pois por duas vezes consecutivas foi
Batman e recusou a terceira temporada. Desse modo, conhece a fundo as
experiências de interpretar um super-herói. O filme fala sobre a carência de
amor e aprovação própria do ser humano, principalmente dos artistas que são
pessoas muito mais sensíveis e que precisam, na maioria das vezes, do aplauso
do público para atuar. Essa compreensão, afeição e cumplicidade que pautam as
nossas vidas podem ser muito perigosas se não as conseguimos até certo ponto,
pois causam baixa autoestima, medo e frustações. E esse é o pano de fundo dessa
história e da peça que nela passa: um conto do cultuado escritor americano,
Raymond Carver, um alcoólatra que morreu aos 51 anos. Com um de seus melhores
desempenhos, Keaton vive o papel de um ator famoso em Hollywood, Riggan Thomas,
que depois de fazer por duas vezes Birdman se recusa a fazer a terceira parte
da série e cai em certo ostracismo. Agora, mais velho, quer retomar sua
carreira de maneira séria e resolve escrever a peça de teatro mencionada,
dirigi-la e estrelá-la como tentativa de recuperar a confiança em si mesmo, o
domínio sobre seu trabalho e resgatar sua família. O resultado é um filme
totalmente surreal, pelas dificuldades encontradas por ele. Começa com o herói
em seu camarim, em posição de yoga, tentando se acalmar para os últimos ensaios.
Ocorre que quando o vemos ele está simplesmente levitando. Depois disso segue
para o palco do teatro St. James, na Broadway, e tem uma séria discussão com
outro ator por considerá-lo canastrão. Mas qual não é a surpresa e o riso quando
um spot de luz cai do alto e o nocauteia. Riggan acredita ter resolvido o
problema com o poder da mente. Sua namorada é a principal atriz da peça e
consegue convencer seu ex-companheiro, um famoso ator da atualidade (Edward
Norton), a vir substituí-lo. Isso gerará uma tremenda confusão, pois vaidoso e
egocêntrico partirá para competir com Riggan em todos os sentidos, como
diretor, ator, antigo amante da atriz e sedutor de sua filha, a ótima Emma
Stone, a qual após um período internada em uma clínica de recuperação em
drogas, buscará o apoio paterno que nunca fora muito eficaz. O quadro de
Salvador Dalí está completo com suas figuras de cores fortes e distorcidas, a
fim de, como Inãrratu, nos envolver o mais intensamente possível. A incrível
trilha sonora de um baterista pulsará no ritmo das atuações e de nossos
corações afoitos pelo próximo desenlace. Há também uma crítica de teatro
importantíssima, que, antecipadamente, assegura que derrubará sua peça com
poucas linhas no jornal. É um embate sensacional no qual ele pergunta o que faz
um crítico de teatro, afinal? Nada, não tem nada a perder e é um ator frustrado
que tem de se contentar em escrever besteiras para os leitores. Toda a película
é pincelada com diálogos precisos e algumas tiradas de muito bom humor. Riggan
ouve sempre uma voz, que é sua consciência, mas que atribui ao homem pássaro
que o recrimina por suas atitudes erradas. No terço final, a imagem do homem
pássaro passa a persegui-lo, a fim de que resolva seus problemas existenciais e
finque os pés na realidade e no sucesso que tanto almeja e tem talento para
tal. Seus devaneios, pairando sobre a Broadway como um pássaro, são os mais
intrigantes e os mais preciosos. O filme é como um quadro abstrato de ótima
qualidade, que independente do lado que você o coloque na parede ele sempre
estará perfeito. Ótimas atuações do ator, ator coadjuvante (Edward Norton) e
atriz coadjuvante (Emma Stone), indicados para o Oscar. Diretor, roteiro
original, fotografia, edição de som, mixagem de som também entram nesta longa
lista de indicações, todas merecidas. Imperdível e 5 estrelas na cotação da
revista VEJA.
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