AMERICAN
SNIPER, EUA, 2014, 132 MIN. DOCUDRAMA
BRADLEY
COOPER – CHRIS KYLE
SIENNA MILLER – TAYA
O que realmente sabemos sobre
esse impactante filme de Clint Eastwood, baseado na biografia de Chris Kyle, um
atirador de elite americano, é que tem causado muita confusão, pois existe a
ala que o adora e a que o detesta. Para decidir o melhor é assisti-lo. Conta a
vida do jovem texano, filho de fazendeiros, que desde cedo aprendeu com o pai a
atirar, ter uma mira perfeita e ser patriota, ou seja, a cultura natural desse
país. Para o pai o melhor tipo de pessoa era a parecida com os cães pastores
que faziam qualquer coisa para defender o rebanho dos perigos. Já perto dos 30
anos, sendo um cowboy de shows, resolve inscrever-se no exército, após o onze
de setembro. Casado com uma linda garota, a ótima Sienna Miller, seu objetivo é
patriótico e quer defender os americanos e suas famílias a qualquer custo ou
sacrifício. Sua educação ajudou-o a tomar essa deliberação. Queria fazer parte
dos Snipers, os atiradores de elite que enfrentam os maiores perigos nas
guerras, mas que matam mais, a fim de salvar vidas, tanto do lado inimigo como
deles próprios. São uma necessidade “apavorante” no tema ainda mais polêmico da
“guerra”, outra anomalia, a meu ver. O filme começa com decisões e cenas desconcertantes.
No topo de um prédio Chris vê uma mulher iraquiana e seu filho, que recebe uma
granada muito potente das mãos dela e vai em direção aos americanos. A decisão
de matá-los cabe somente a ele e ele o faz. Depois disso temos um pequeno
flashback, mostrando sua infância e juventude, mas logo voltamos à cena inicial
onde os dois mortos estão no chão. Se isso não tivesse ocorrido muitos teriam
sido assassinados. Esses serão os primeiros de seus 160 tiros fatais, que aos
poucos vão o transformando em uma pessoa muito diferente do que era,
irritadiça, melancólica e sem hesitação quanto à sua profissão de matador. Esse
homem voltou várias vezes para rever sua mulher e filhos e nunca se sente em
casa. Sua cabeça está sempre voltada para o perigo e ação. Taya pede para que
ele volte, também psicologicamente, para casa e esqueça a guerra. Um cão pastor
não faz isso e o protagonista vai, em quatro turnos, para a guerra num total de
quase mil dias. O relacionamento no campo de batalha é muito bom e ele é
considerado um mito e um herói, pois era o Sniper que mais matou inimigos nos
Estados Unidos. Liquidar tantas pessoas, mesmo que seja imperativo, não deixa
uma pessoa sem graves sequelas e estas são muitas em Chris, comprometendo
tremendamente seu relacionamento com os familiares e a paz. Quando volta definitivamente, vai procurar um
centro de reabilitação e passa a ajudar outros combatentes mutilados. Isso vai
modificando para melhor sua existência. Todavia, quando sua mulher sente tê-lo
completamente de volta, um veterano de guerra traumatizado pede sua ajuda e
essa será a última vez que será visto, pois é assassinado por ele com apenas 38
anos. É um contrassenso pensar que outro combatente o atingisse mortalmente
depois de tantos perigos e sacrifícios feitos em prol da América. O motivo não
é esclarecido. É um filme difícil de assistir e assimilar, pois vai
anestesiando aos poucos o espectador, mas é muito bem dirigido, com um incrível
som e imagem. O desempenho dos dois principais protagonistas é excelente. O
longa não faz julgamento de valores, Clint é até muito sóbrio em sua direção,
contudo a violência de qualquer guerra está lá, a nossa espreita. Indicado a vários
prêmios para o Oscar de 2015.
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