segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

SNIPER AMERICANO DE CLINT EASTWOOD




AMERICAN SNIPER, EUA, 2014, 132 MIN. DOCUDRAMA
BRADLEY COOPER – CHRIS KYLE
SIENNA MILLER – TAYA
O que realmente sabemos sobre esse impactante filme de Clint Eastwood, baseado na biografia de Chris Kyle, um atirador de elite americano, é que tem causado muita confusão, pois existe a ala que o adora e a que o detesta. Para decidir o melhor é assisti-lo. Conta a vida do jovem texano, filho de fazendeiros, que desde cedo aprendeu com o pai a atirar, ter uma mira perfeita e ser patriota, ou seja, a cultura natural desse país. Para o pai o melhor tipo de pessoa era a parecida com os cães pastores que faziam qualquer coisa para defender o rebanho dos perigos. Já perto dos 30 anos, sendo um cowboy de shows, resolve inscrever-se no exército, após o onze de setembro. Casado com uma linda garota, a ótima Sienna Miller, seu objetivo é patriótico e quer defender os americanos e suas famílias a qualquer custo ou sacrifício. Sua educação ajudou-o a tomar essa deliberação. Queria fazer parte dos Snipers, os atiradores de elite que enfrentam os maiores perigos nas guerras, mas que matam mais, a fim de salvar vidas, tanto do lado inimigo como deles próprios. São uma necessidade “apavorante” no tema ainda mais polêmico da “guerra”, outra anomalia, a meu ver. O filme começa com decisões e cenas desconcertantes. No topo de um prédio Chris vê uma mulher iraquiana e seu filho, que recebe uma granada muito potente das mãos dela e vai em direção aos americanos. A decisão de matá-los cabe somente a ele e ele o faz. Depois disso temos um pequeno flashback, mostrando sua infância e juventude, mas logo voltamos à cena inicial onde os dois mortos estão no chão. Se isso não tivesse ocorrido muitos teriam sido assassinados. Esses serão os primeiros de seus 160 tiros fatais, que aos poucos vão o transformando em uma pessoa muito diferente do que era, irritadiça, melancólica e sem hesitação quanto à sua profissão de matador. Esse homem voltou várias vezes para rever sua mulher e filhos e nunca se sente em casa. Sua cabeça está sempre voltada para o perigo e ação. Taya pede para que ele volte, também psicologicamente, para casa e esqueça a guerra. Um cão pastor não faz isso e o protagonista vai, em quatro turnos, para a guerra num total de quase mil dias. O relacionamento no campo de batalha é muito bom e ele é considerado um mito e um herói, pois era o Sniper que mais matou inimigos nos Estados Unidos. Liquidar tantas pessoas, mesmo que seja imperativo, não deixa uma pessoa sem graves sequelas e estas são muitas em Chris, comprometendo tremendamente seu relacionamento com os familiares e a paz.  Quando volta definitivamente, vai procurar um centro de reabilitação e passa a ajudar outros combatentes mutilados. Isso vai modificando para melhor sua existência. Todavia, quando sua mulher sente tê-lo completamente de volta, um veterano de guerra traumatizado pede sua ajuda e essa será a última vez que será visto, pois é assassinado por ele com apenas 38 anos. É um contrassenso pensar que outro combatente o atingisse mortalmente depois de tantos perigos e sacrifícios feitos em prol da América. O motivo não é esclarecido. É um filme difícil de assistir e assimilar, pois vai anestesiando aos poucos o espectador, mas é muito bem dirigido, com um incrível som e imagem. O desempenho dos dois principais protagonistas é excelente. O longa não faz julgamento de valores, Clint é até muito sóbrio em sua direção, contudo a violência de qualquer guerra está lá, a nossa espreita. Indicado a vários prêmios para o Oscar de 2015.


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