DEUX JOURS, UNE NUIT, FRANÇA, BÉLGICA, ITÁLIA, 2014, 95 MIN.
DRAMA
ELENCO:
MARION COTILLARD – SANDRA
FABRIZIO RONGIONE – MARIDO
Esse drama é um dos mais
pungentes e atuais dos irmãos Dardenne, pelo enredo e pela interpretação
magnífica de Marion Cotillard, vencedora do Oscar por Piaf e novamente
candidata este ano. Toca em um tema muito comum na Europa de hoje, a falta de
emprego e suas consequências nas vidas das pessoas. Sandra é uma jovem com dois
filhos que, tendo passado por uma crise de depressão, fora afastada do emprego
e agora retoma sua rotina em uma pequena fábrica no interior da Bélgica.
Contudo ao voltar tem uma surpresa muito desagradável, pois, através de uma
votação, fora mandada embora para que seus colegas pudessem receber um bônus de
mil euros. A importância não é significativa, mas pode fazer alguma diferença
em suas vidas para uma pequena reforma, etc. Uma das funcionárias que voltou
para que ela ficasse consegue convencer seu chefe que faça uma segunda votação
e Sandra possa conversar com seus colegas. Aí começa seu verdadeiro drama, pois
já insegura com sua doença, terá de conversar e convencer seus colegas para não
ir para o olho da rua, pois não poderiam pagar a casa em um bairro operário agradável
e seriam obrigados a voltar a morar em um local social para desempregados. Seu
marido consegue convencê-la a fazer isso durante o fim de semana, dando força e
estímulo. Mas é ela quem terá de repetir sempre as mesmas palavras e enfrentar,
ora a fúria, ora a pena de seus parceiros. Desgastada e sentindo-se ninguém,
passa a tomar suas pílulas antidepressivas. Esse ritual todo é absolutamente
massacrante, uma vez que Marion nunca se faz de coitada, não chora em frente de
seus colegas, mas sua alma está estraçalhada. O número de pessoas que a
compreende é sempre menor do que as que a rejeitam e por vezes são bem
grosseiras com ela. Sua interpretação é de uma dor que nos faz sentir em seu
lugar e ansiar por uma solução viável para sua vida. No terço final temos uma
reviravolta muito bem estruturada que toma um rumo bastante interessante. Para
todos os gêneros é um filme imperdível! A técnica de filmagem usada pelos
irmãos é digital e filmar longos planos-sequência, o que o torna ainda melhor. Uma
cena que eles recomendam é quando o casal, sentado em um banco abaixo de uma árvore tomando sorvete,
você ouve o canto dos pássaros, mas não os vê, não tirando a atenção do
diálogo.
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