terça-feira, 16 de agosto de 2016

AMOR E AMIZADE DE WHIT STILLMAN




LOVE AND FRIENDSHIP, USA, IRLANDA, INGLATERRA, FRANÇA, HOLANDA, 2016, 92 MIN. ROMANCE
ELENCO:
KATE BECKINSALE – SUSAN VERNON
CHLOE SEVIGNY – ALICIA JOHNSON
XAVIER SAMUEL – REGINALD DECOURSY
MORFYDD CLARCK – FREDERIKA VERNON
Esse é um dos melhores trabalhos da escritora inglesa Jane Austin (1775-1817), escrito durante sua adolescência e nunca publicado por ela. Pouco conhecido, somente em 1871 chega sua primeira publicação. Esta obra é um treino, uma paródia das outras que virão descrevendo com perfeição a sociedade da época, seus medos e emoções.  O sagaz diretor Whit Stillman emprestou o título Love and Friendship de outro romance, mas a história é da novela Lady Susan. Para apresentar essa personagem, divinamente representada por Kate Beckinsale, farei uma introdução. Trata-se de uma admirável viúva recente, com pouco menos de 40 anos, possuidora de beleza, inteligência e raciocínio muito ágeis, que lhe conferem um poder de manipulação e mentira espetaculares. Coquete, não tem a menor consideração por ninguém, a não ser por ela mesma. Enviuvando e sem posses, planeja um rico casamento para si mesma, ao mesmo tempo, outro para  sua frágil filha, Frederika, que se encontra em um pensionato para jovens. Ela sente enorme atração por Lorde Manwaring, mas este é casado. Isso não seria nenhum problema, já que é imoral. Para sua filha escolhe o riquíssimo caipira James Martin. Lady Susan assalta a família do marido, amigos e inimigos para conseguir sua escalada social. Saindo de Londres, onde tem sua melhor amiga, Alicia Johnson casada “com um homem velho demais para ser interessante e jovem demais para morrer”, chega à casa da cunhada sem avisar, assustando os moradores. Era conhecida por sua rasa moral, assustando toda família, menos o irmão caçula, Reginald DeCoursy, herdeiro rico que acaba se apaixonando pela ardilosa personagem. Mesmo querendo Lorde Manwaring, resolve tentar se assegurar com o jovem Coursy, tendo assim dois pretendentes. Frederika foge do internato, aparecendo na casa dos Vernons, na sossegada Churchhill, sendo muito hostilizada pela mãe, que teimava em casá-la com o homem que a garota mais detestava. Os diálogos, logo no início, são incrivelmente rápidos, com apresentações dos vários personagens que quase nos perdemos. Seu grau de maledicência é tão grande que o herdeiro caçula a saúda dizendo “sua fama a precede”. Com inteligência e virulência vai torcendo tudo o que dizem a respeito dela e de sua filha, deixando o jovem caído por ela. Frederika gostaria de casar com Reginald, mas acaba foragida na casa dos pais da tia, enquanto Susan e Alicia tecem suas teias. Seu principal pretendente nunca é esquecido. Apesar de a realidade mostrar a verdadeira Susan, ela faz com que acreditem ser uma mulher honrada. Esses diálogos são muito divertidos e sem qualquer ética, mas na reta final, Alicia Johnson, lhe dará um conselho completamente inovador, mudando a trama, que irá apaziguar a família e, de quebra, a viúva ficará com tudo o que sempre quis - um marido milionário e um maravilhoso amante. Imperdível pelo enredo, agilidade e mensagem de época que traz. Ainda é um caminho atual.


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