domingo, 25 de janeiro de 2009

AUSTRÁLIA de Baz Luhrman


























































































Nesse longo filme de aventura e romance, a nobre inglesa Lady Sarah Ashley (Nicole Kidman), viaja para a Austrália, a fim de rever seu marido, um dos maiores fazendeiros de gado do país, no final dos anos 30, quando existia uma grande rivalidade e crimes entre os barões do gado. O filme é narrado por um garoto mestiço, Nullah (Brandon Walters). Ela chega à empoeirada e seca Austrália com o objetivo de convencer seu marido a vender sua propriedade e voltar para a Inglaterra, contudo ao chegar é levada até a fazenda pelo capataz (Hugh Jackman), pessoa rude que despreza os ingleses, apesar de ser um deles. Ela é humilhada pelos toscos habitantes de Darwin, cidade do norte do país. Descendo da caminhonete, furiosa se dirige para a casa, no meio do nada cercada de poeira e barro. Ao entrar depara-se com seu marido que fora assassinado por um fecha com ponta de vidro. Determinada a fazer valer os seus direitos não recua e decide levar as mil e quinhentas cabeças de gado para Darwin, a fim de que sejam vendidas para o exército, pois a segunda guerra mundial estava na eminência de eclodir. Nullah, neto de feiticeiro, acredita ter herdado os poderes do velho aborígene. Ele será uma peça fundamental no desenrolar do filme. É através do menino que ela fica sabendo que seu gado está sendo desviado para a fazenda de King Carney (Bryan Brown), que deseja manter o monopólio da carne bovina na região. Seu empregado Ney Fletcher (David Wenham) é o responsável pelo fato, sendo demitido imediatamente. Sarah pede ajuda a Mr. Drover[1] (que será sempre chamado assim), a fim de cumprir sua missão. Apesar de não ter mais homens que o ajude a conduzir a boiada, aceita e leva o senhor Kipling, contador bêbado, o aborígene tio de Nullah, o menino, sua avó e a própria Lady Sarah. É um grupo e tanto de pessoas! No decorrer da travessia muitos eventos sobrevêm para preencher os 165 minutos de filme. Dentre eles o mais interessante é quando King Carney, através de seu empregado Ney, manda cercar o gado com trilhas de fogo. Eles se vêem acuados e a boiada estoura, entretanto nossos heróis conseguem contornar a situação. O pequeno Nullah, à beira de um cânion, olhando nos olhos dos animais e fazendo orações sagradas consegue contê-los, sem se machucar, mas o pobre senhor Kipling é morto ao cair do cavalo. A essa altura da película Sarah e Mr. Drover já estão muito envolvidos. O velho feiticeiro, King George, os acompanha de longe. Com a seca precisam desesperadamente encontrar água e seguem pela terra de Neverlands, por onde nunca alguém conseguiu sair. O avô de Nullah os guia, cantando músicas sagradas. Ao chegarem a Darwin, o rei do gado já está com o contrato assinado, mas só será válido quando os animais já estiverem embarcados. É uma louca corrida para ver quem coloca o gado no navio em primeiro lugar e Sarah saí-se vencedora. Para o baile que será dado na cidade, a favor das crianças mestiças, a Geração Perdida, ela convida seu capataz, mas ele não iria, pois era considerado um negro pela sociedade. Preocupada com o destino de Nullah, tenta falar com um advogado para adotá-lo, mas isso seria impossível. Comparecendo, afinal, à festa, Sarah pede para Mr. Drover morar com ela na fazenda, quando voltassem e ele aceita, porém continuará, nos períodos de seca, sendo um boiadeiro. Estão felizes e muito apaixonados na companhia de Nullah. Numa dessas viagens, em 1941, após uma desavença entre eles, sai para não mais voltar. Sarah vai atrás do garoto que fugira, dirigindo-se a Darwin. Nesse ínterim, a armada japonesa bombardeara Pearl Harbor e pouco depois a cidade de Darwin, antes acabando com uma ilhota para onde todos os meninos mestiços haviam sido enviados pelo inclemente Fletcher, que após a morte de King Carley ficara em seu lugar. Ocorre que Nullah é seu filho com a mãe do garoto, uma aborígene assassinada a seu pedido. Contudo ele odeia o menino que lhe roga uma praga ao ser deportado para a pequena ilha, juntamente com dois padres e outras crianças. Após o bombardeio, a cidade e a ilha estão totalmente devastadas pelo fogo e a fumaça. Sarah trabalhava, durante a guerra, como telefonista militar, no mesmo centro que a mulher de seu inimigo, Katy. O prédio está em chamas e estão tirando os mortos e moribundos. Mr. Drove ao saber da guerra volta apressadamente para Darwin, a fim de se encontrar com Nullah e Sarah. Ao saber da morte de ambos dirige-se para a ilha com mais três homens. Aos poucos, durante a noite, acham quase todos os meninos, que haviam se refugiado na densa floresta tropical. Repentinamente, os japoneses aparecem no horizonte com seus rifles e lanternas, fazendo o grupo correr para o barco, enquanto seu amigo aborígene os atrai para outro local. Ele é baleado, mas o barco consegue chegar a Darwin, quando todos estão partindo para o sul, inclusive a sofrida Sarah. Enquanto isso, Fletcher descobre que sua mulher morrera no lugar de Sarah e que Nullah ainda estava vivo e ao tentar matá-lo é atingido pela flecha do feiticeiro, para quem nada escapa. Ocorre que Sarah, antes de subir no caminhão de embarque, ouve o som de uma gaita e vozes de crianças, saindo na direção do som, no meio da densa fumaça. O happy end acontece, com os três se abraçando e vivos! O filme se encerra com eles na fazenda, agora verde e florida pois era época de chuva e, o velho feiticeiro, ao longe, chamando seu neto para que continuassem as tradições aborígenes. Nullah segue seu destino com seu velho avô, contando com a compreensão de Sarah e Mr. Drove.
O filme enfoca as conseqüências da segunda guerra mundial e o gravíssimo preconceito contra as crianças mestiças, que contaminariam esse continente, segundo eles. Recentemente os brancos da Austrália pediram desculpas pelos assassinatos e horrores cometidos nesse período lastimável. Outra curiosidade é o encontro dessas três personalidades australianas tão conhecidas do cinema – diretor, ator e atriz. Se você curte uma longa estória com belas paisagens selvagens é uma boa pedida.
[1] Boiadeiro em inglês.

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