sábado, 17 de janeiro de 2009

O Curioso Caso de Benjamin Button-David Fincher
























Baseado no conto de F. Scott Fitzgerald (1896-1940)

Este soberbo drama de fantasia inicia-se em um quarto de hospital em New Orleans, quando a idosa Daisy Willians (ótima Cate Blanchett) está em seu leito de morte, acompanhada por sua filha adulta, Caroline, a qual lê em voz alta a pedido da mãe, o diário do amigo de infância de Daisy, Benjamin Button. O furação Katrina está prestes a desabar sobre a cidade, assim como essa fantástica história de vida sobre nós. Estamos em 1918, no final da primeira guerra mundial. “Eu nasci sob circunstâncias anormais” começa o narrador Benjamin (Brad Pitt em desempenho colossal). Sua mãe morrera ao dar luz a ele, uma criança anormal, com uma síndrome que o levaria da velhice à infância. Seu rico pai biológico ao contemplá-lo decide desfazer-se do bebê, deixando-o na escadaria de uma associação para pessoas velhas e senis. Uma das encarregadas do local, Quennie, apaixona-se pela criança e decide criá-la. Sendo uma mulher extremamente caridosa e possuidora de muita fé, embala o bebê-ancião em seu regaço. Ele sofre de todas as doenças típicas dos idosos, pois estaria supostamente com mais de oitenta anos. Aos cinco anos e um velhinho careca, andava em cadeiras de rodas, mas é levado por Quennie à sua igreja de negros para que seja abençoado pelo pastor. Nesse momento ele começa a andar com muletas e assim prossegue sua infância, cercado por pessoas idosas que o aceitam como é e transmitem suas experiências de vida sem nenhum conflito típico dos adolescentes ou jovens adultos. Ele é um pequeno idoso, com uma mente de criança, depois de adolescente, um homem maduro e, no fim do drama, uma pessoa senil e sem memória. Essa maravilhosa estória nos fala da vida feita de tempos e espaços de alegria, compaixão, tolerância, amor, fé e principalmente sobre os fatos que ocorrem por força do destino e sobre os quais não temos controle algum e que desencadeiam os acontecimentos de nossa existência. No meio da película nos são mostradas cenas que demonstram essa conjugação de episódios que ocorrem sem que tenhamos domínio deles. Esse tipo de raciocínio aparece muito em Guerra e Paz de Leon Tostoy, que descreve os acontecimentos históricos como a soma de fatos que se entrelaçam. A vida inicial de Benjamin é compartilhada por seus amigos mais velhos e pela pequena Daisy. Passam a infância e adolescência convivendo, pois sua avó morava nessa associação. Aos dezessete anos ele parte de casa para viver em um navio cargueiro, no fantástico rio Mississipi, tornando-se um marinheiro e grande amigo do capitão, que representa uma figura masculina destemida e forte, encarando o desenrolar da vida sem medo ou hesitação. Participando da segunda guerra mundial, Benjamin adquire uma grande experiência de vida, indo parar na Rússia e se apaixona pela primeira vez. Sua aparência mais velha faz com que todos lhe confiram a maior credibilidade!Todas suas viagens são relatadas em cartões postais que envia para Daisy, até o fim de suas longas excursões. Um dia retornado a casa, encontra-se com Dayse já moça e bailarina. Uma paixão nasce, mas é impossível pela diferença de idade entre eles, pois Benjamin ainda é um homem bem maduro. Contudo por volta dos quarenta anos de cada um, eles se encontram e refletidos em um espelho, olham-se demoradamente para que este momento fique eternizado em suas mentes. Ele estaria com 49 anos e ela com 43. Seu verdadeiro pai procura-o e a recepção não é o que poderíamos imaginar. Uma trágica e envolvente história passa a marcar a vida desses dois amantes, Daysi e Benjamin, pois ela se tornaria sempre mais velha e ele sempre mais jovem e existe uma menina para educar. O relógio do tempo natural trabalhava contra eles! É representado por um relógio construído pelo melhor relojoeiro do país, que o faz andando para trás no tempo, para que resgatassem na lembrança os filhos mortos na guerra. O quarto final do filme passa-se em 2005, onde começara, no leito de hospital com o furacão em pleno auge sobre a cidade, e a doente e sofrida Daisy em seus momentos finais com sua filha, que surpreendida pelos fatos e com um desfecho impressionante nos faz pensar no que é bastante repetido durante o drama - que nada é eterno e que nunca é tarde para começar!
Essa quase fábula nos ensina a tolerância e um novo aspecto de encarar a vida, com um bebê no corpo de um velho, que paulatinamente vai rejuvenescendo até chegar à morte, em uma cena maravilhosa com sua esposa e os conflitos decorrentes dessa inversão de tempo e experiências pessoais. O desempenho de todos os artistas é impecável, prestando ainda mais credibilidade à película. O trabalho de rejuvenescimento de Bred Pitt é impressionante! Palmas para o filme!

Um comentário:

Anônimo disse...

Um ótimo filme, emocionei-me bastante ao assisti-lo. Gostaria de ter a oportunidade de ler o livro.
Me fascinaria!
Elizângela Feitosa.