sábado, 17 de janeiro de 2009

A TROCA de Clint Eastwood







Baseado em fatos reais ocorridos em Los Angeles.
Esse drama muito bem dirigido por Clint Eastwood transcorre na Los Angeles de 1928. A jovem Christine Collins (ótima Angelina Jolie) trabalha em uma companhia telefônica como supervisora e educa, sozinha, seu filho de nove anos Walter (Gattlin Griffith). Trata-se de um garoto educado e amadurecido. Em um sábado de folga, é obrigada a deixá-lo para substituir uma pessoa em seu emprego. Ao voltar ele havia desaparecido. Telefonando imediatamente à polícia fica sabendo que só poderia dar queixa 24 horas após o desaparecimento. Ocorre que são tempos de grande violência e corrupção dentro do governo e da polícia da cidade. Além disso, nessa época a mulher era extremamente descriminada e considerada tola e vazia. Desesperada tenta ser ajudada por um coronel corrupto e insensível. Seu caso vai parar na imprensa e um pastor presbiteriano (ótimo John Malkovich), que luta contra a corrupção que dissemina e avilta a cidade, decide ajudá-la. Depois de alguns meses de luta, um garoto com as mesmas características de seu filho lhe é entregue pelo coronel, que mesmo com a recusa de Christine em aceitar uma criança que não é seu filho, lhe impõe com brutalidade a criança, alegando que ela não se encontrava em seu estado normal. Mas o garoto, que se faz passar por Walter a chama de mãe para seu horror. Ao dar-lhe banho percebe que ele é circunciso e bem menor que seu filho verdadeiro. Ao expor isso à polícia vira uma vítima do sistema. A polícia, desde seu chefe até o coronel, inicia uma verdadeira batalha para acuá-la e constrangê-la. Nesse ínterim um detetive honesto vai ao encalço de um garoto canadense que estava irregularmente no país. Ao encontrá-lo em um rancho, em Riverside, leva-o à prisão, mas ele insiste em falar-lhe novamente. Esse rapazinho havia sido forçado pelo tio a ser cúmplice na morte de 20 crianças que estavam desaparecidas e que a polícia sempre encontrava um meio de não investigar e dar qualquer desculpa aos pais como fizeram com Christine. Porém esse caso e muito macabro para ser deixado de lado e inicia-se uma investigação pelo detetive. Enquanto isso a mãe de Walter inconformada volta diversas vezes à delegacia, até que é sumariamente enviada a um manicômio, sem nenhum mandato de prisão. O inferno era aquele local, repleto de mulheres encaixadas no código doze, ou seja, haviam de algum modo enfrentado a polícia. O machismo reinante na época era estarrecedor e essas pobres almas não tinham nenhum modo de provar sua inocência ou se defender. Eram drogadas e submetidas a choques elétricos, sob a menor alegação. Os médicos e enfermeiros eram totalmente coniventes com a corrupção política e policial. O pastor e a sociedade ao descobrirem mais esse escândalo de Riverside, encoberto pelos policiais, saem às ruas numa verdadeira comoção pública, onde vemos cartazes pedindo a demissão de toda polícia local. Um famosíssimo advogado é contratado, sem custas, para defender Christine que se acha presa como louca. Ela é solta imediatamente pelo modo irregular como fora jogada no manicômio assim como todas as outras companheiras de infortúnio. Um processo da jovem contra a polícia é aberto e desperta o interesse da nação, pela fama do advogado e pelas circunstâncias. Finalmente os retratos das crianças violadas e mortas são exibidos e dentre eles está o menino Walter. O pequeno farsante é devolvido para a mãe. Havia fugido para ver o cavalo de um dos astros do western americano! Nesse momento ele grita que fora forçado pela polícia a se fazer passar por quem não era. São cenas emocionantes, onde vemos o sofrimento do garoto que havia sido cúmplice de seu tio e das mães que ainda tinham esperanças de voltar a encontrar seus meninos, dentre elas nossa heroína. Outro processo é aberto contra Gordon, o qual havia fugido para a casa da irmã em Vancouver, mas a polícia local já o estava esperando, sendo preso e enviado a Los Angeles para ser julgado por seus crimes. Tratava-se de um psicopata frio e covarde que negava todas as mortes. Esses dois julgamentos paralelos nos são mostrados e deles participam Christrine e seu defensor. Finalmente, através de um trabalho preciso e brilhante do advogado e da sociedade, todos são punidos e destituídos de seus cargos e o prefeito impedido de se reeleger. Contudo dois anos depois, nas vésperas do enforcamento do brutal assassino, ele pede que Christine compareça a prisão. Ela aceita imediatamente, pois ainda sentia a presença física de seu filho. Os dois ficam frente a frente, entretanto não passava de mais uma farsa para deixar a mãe esperançosa com a possibilidade de vida de Walter. O enforcamento prossegue na presença dos implicados e mais uma vez Clint Eastwood nos brinda com uma excelente demonstração de sua direção. Cinco anos se passaram e Christine ainda não desistira de sua missão, quando recebe um telefonema de uma das mães dos pequenos assassinados, dizendo que seu filho David fora encontrado, mas que estava dando depoimento à polícia em sigilo. Através do vidro vemos o menino dizer que havia escapado, pelo meio do arame farpado, com ajuda de Walter, mas Gordon os havia visto e atirado loucamente em direção a eles. Os três se separaram, contudo ele não sabia do destino dos outros dois. O filme vai chegando ao seu final e quando encerra a última cena, lemos que Christine nunca havia deixado de procurar seu filho até o fim de seus dias e que essa é uma história verídica que abalara toda a sociedade!

O elenco é ótimo, os trajes de época bem feitos e a direção e interpretações seguras. Vale a pena ser visto, pois temos aí diversos problemas sociais como a maternidade fora do casamento, a corrupção do departamento de polícia da época dos anos 20, as dificuldades das mulheres em serem respeitadas, o machismo, o desmantelamento profissional das instituições de ajuda psíquica e outros problemas que ainda ocorrem até nossos tempos.

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