terça-feira, 31 de julho de 2018

A FESTA DE SALLY POTTER





THE PARTY, REINO UNIDO, 2017, 71 MIN., COMÉDIA DRAMÁTICA.

ELENCO:
KRISTIN SCOTT THOMAS – JANET
TIMOTHY SPALL – BILL
PATRICIA CLARKSON – APRIL
BRUNO GANZ – GOTTFRIED
CHERRY JONES – MARTHA
EMILY MORTINER – JINNY
CILLIAN MURPHY – TOM

Com um preto e branco espetacular, uma trilha sonora magnífica, Sally Potter oferece-nos um presente perfeito. Essa cineasta, que não é tão discutida precisa ser mais vista, falando sempre de temas pertinentes do momento, como identidade de gênero, feminismo, capitalismo, cultura e política. O filme começa com uma furiosa Janet, abrindo a porta de sua casa, com uma pistola na mão apontada para quem quer entrar. Depois vemos os créditos e do que se trata.  Party, palavra com duplo sentido em inglês, pode ser festa ou partido político. Aqui você decide. Nossa genial diretora faz um roteiro muito interessante investigando o íntimo dos personagens, seus ideais pessoais e políticos e como tudo que aparece no filme pode ter um sentido completamente diferente. O filme se passa em um mesmo cenário, uma casa, quando Jane, uma intelectual de esquerda, consegue chegar ao topo de sua carreira, sendo nomeada ministra da Saúde em seu país. Querendo festejar esse feito tão promissor, convida seus melhores amigos para uma comemoração em sua casa. Todos haviam de certa forma, incluindo seu marido, ajudado a chegar a esse cargo. Enquanto prepara uns aperitivos na cozinha, como uma simples mulher normal, seu marido, agora bêbado, cuida do fundo musical, colocando com esmero discos antigos da contracultura muito bons, em uma vitrola também antiga. Bill, ex-professor da Yale, está visivelmente perturbado e sua linda mulher grudada ao celular com algum admirador secreto que não para de ligar, trocando mensagens e palavras carinhosas.  Os primeiros convidados são sua melhor amiga, April, e seu amante-namorado, Gottfried, um terapeuta dos anos 60. Os abraços e palavras trocadas entre as amigas são sinceros e afiados, como o diálogo de todo filme. Chega também Martha, professora universitária gay, e logo depois sua companheira, a jovem Jinny, anunciando que está esperando trigêmeos. Por fim chega o “bacana” da festa, Tom, cuja mulher chegará bem mais tarde. Ele vai direto ao banheiro, onde inala pó. Ao tirar o casaco vemos que ele porta uma pistola portátil e o pó é para dar coragem para usá-la. Durante as conversas, Bill, apesar do ambiente festivo, anuncia que está em seus últimos dias, com uma série enfermidade, o que Gottfried logo contesta, pois com suas terapias operava milagres. Quando a anfitriã sabe da notícia tudo começa a desmoronar, somado a um segredo que Bill resolve contar. As reações são as mais diversas e divertidas, pois ninguém mais é o que se pensava desde o início. O tão famoso ambiente cultural vai para o brejo, e o humor britânico triunfa como deveria ser. O eleganteTom trabalha no mercado financeiro e é casado com uma líder do partido de esquerda, considerando uma falsidade aquele mundo idealista. O celular emudece assim com sua dona enlouquece e sai fagulhas para todos os lados, incluindo para o casal de lésbicas. Revelações bombásticas serão expostas. Você verá com muita surpresa a pistola do começo do filme, no final completamente inesperado. Ótimo filme, absolutamente imperdível!!!


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