quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

MILK – A VOZ DA IGUALDADE de Gus Van Sant

















Este ótimo drama biográfico sobre Harvey Milk deu a Sean Penn o Oscar de melhor ator e também ganhou em melhor roteiro original. O filme desenha os últimos oito anos na vida desse homem corajoso e humano, primeiro homossexual assumido a ser eleito, em 1977, para um cargo público no país. Em Nova York, 1970, no seu aniversário de 40 anos, Milk conhece o jovem Scott Smith (ótimo James Franco) que se tornaria seu amante. Mudando-se para São Francisco, eles abrem um pequeno negócio, Castro Camera, no bairro do mesmo nome, onde havia toda variedade de trabalhadores de classe baixa. Sendo carismático e generoso, passa a ajudar seus vizinhos, que representavam as minorias. Eram idosos, crianças, negros, sindicalistas e principalmente os gays, muito mal vistos por toda nação. Com conselhos e discursos sempre muito pertinentes e inteligentes, torna-se a voz local das minorias, decidindo entrar para a política, pois esse seria o único meio eficaz de chamar a atenção do país sobre essas pessoas. Possuidor de muita tenacidade consegue após várias tentativas eleger-se para um cargo público. Como Supervisor Municipal abre várias frentes para sua causa gay e outros causas humanitárias, mas vai colidir com outro supervisor, o novato Dan White, um personagem obscuro tanto política como sexualmente. A cantora e aspirante a Miss América, Anita Bryant, e o conhecido senador de Orange County, Bryggs, tornam-se seus maiores inimigos, pois desejavam derrubar a garantia de direitos iguais aos homossexuais. Com admirável determinação, Milk convoca todos os gays a saírem de suas posições isoladas e escondidas e se mostrarem aos familiares e amigos, que certamente ficariam ao lado deles e votariam a favor de seus direitos. O filme, quase um documentário, mostra diversas cenas com jornais e televisão da época, como a parada gay de 1977, em São Francisco, que foi um acontecimento inesquecível pela quantidade e diversidade de indivíduos ali reunidos por ele e seus amigos. Contava com a simpatia do prefeito da cidade e outros políticos que admiravam sua inteligência e trabalho. Uma jovem lésbica, Anne (Alison Pill), foi fundamental para que suas idéias fossem patrocinadas em jornais e televisão. O filme começa com Sean Penn gravando o decorrer de sua história política, caso fosse assassinado, como foram muitos outros em sua posição. Flashbacks ajudam a elucidar o desenrolar da trama. Milk sai-se vencedor, após muitas batalhas e perdas pessoais, de sua causa pelos direitos humanos de todos os cidadãos, que lhes era garantido na Constituição e nas palavras gravadas aos pés da Estatua de Liberdade. Harvey e seu amigo prefeito, George Moscone, após essa vitória, encontram seu fim, através do enigmático católico-escoçês Dan White (Josh Brolin, indicado ao Oscar), que os assassina friamente. No final da película, vemos o destino de cada um desses personagens e seus rostos verdadeiros. Parabéns a Gus Van Sant por nos oferecer esse ótimo filme instigante.
“Harvey Bernard Milk nasceu em Woodmere, New York, Long Island, em 22 de maio de 1930, filho de William e Minerva Karns Milk. Era o filho mais novo de pais judeus lituanos e neto de um vendedor, Morris Milk, que possuía um armazém e ajudou a organizar a primeira sinagoga na área. Quando criança, Milk era caçoado por suas orelhas salientes, nariz grande e pés desproporcionais, e tendia a chamar a atenção como um palhaço da classe. Jogou futebol na escola e desenvolveu uma paixão pela ópera. Em sua adolescência, descobriu sua homossexualidade, mas manteve-a em segredo. Milk graduou-se na Bay Shore High School, em Bay Shore, Nova York, em 1947 e frequentou a New York State College for Teachers em Albany de 1947 a 1951, formando-se em matemática. Ele escrevia para o jornal do colégio e ganhou a reputação de estudante sociável e amigável. Nenhum de seus amigos na escola ou faculdade suspeitava que ele era gay”. O ativista Cleve Jones esperou 30 anos pela história de seu amigo ser apresentada nas telas. Cleve fundou a instituição contra AIDS em São Francisco. Auxiliou o diretor Gus Van Sant a recriar aquele ambiente dos anos 70. No ano de 1977, os universitários de São Paulo saíram às ruas por Liberdades Democráticas. Os homossexuais, mulheres, negros, índios e ecologistas formaram o cenário das lutas reivindicatórias dos anos 80.

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