sábado, 14 de fevereiro de 2009

O CASAMENTO DE RACHEL de Jonathan Demme


















Este filme forte e bem dirigido por Jonathan Demme, repleto de dramas psicológicos e sociais, tem como grande estrela Anne Hathaway (Kym) indicada para o Oscar de melhor atriz. Trata-se de um caldeirão de problemas, muito bem dosados, que reflete abrangentemente a América multirracial de hoje. A família da jovem Kym encontra-se ansiosa pelo casamento da filha mais velha (ótima Rosemarie Dewitt), estudante de psicologia, com um músico jamaicano. Além desse fator que por si só já justifica alguma angústia, Kym encontra-se em uma clínica psiquiátrica para viciados em drogas há muito tempo, e essa será sua primeira visita à sua casa desde então. No início do filme eles todos estão pisando em ovos, pois o convívio com a jovem de humor mordaz é bastante difícil. O pai, uma pessoa amorosa e dedicada, não sabe muito bem o que fazer com as duas filhas. Rachel quer atenção por ser o dia de seu casamento e Kym, por ser seu primeiro dia entre eles. Os viciados são pessoas frágeis, necessitando de atenção quase contínua. O relacionamento entre as irmãs ainda não está resolvido e ambas agem com desajeito, disputando a atenção paterna abertamente. A mãe, bem, só gosta de si mesma e já se divorciou, morando com um novo parceiro em outra casa. Kym desejava encontrar a casa mais vazia, a fim de que pudesse ter um pouco de privacidade, já que se considerava presa em uma jaula na clínica. Carol é a segunda parceira de seu pai e cuida de todos os detalhes com carinho e simpatia. Kym está continuamente pondo sua irmã e seu pai em situações constrangedoras, como no ensaio do casamento, em que Rachel é elogiada por seus padrinhos e Kym pegando o microfone fala de seus problemas, suas reuniões de doze passos para ficar sóbria e faz uma mea-culpa sarcástica. As contas ainda não estão ajustadas, principalmente com sua mãe. Ocorre que Kym, aos dezesseis anos, viciada, tomava conta de seu pequeno irmão e dirigindo após a ingestão de drogas cai em uma ponte e o menino morre afogado. Ela piora muito seu quadro depressivo, não conseguindo perdoar-se pelo seu ato irresponsável. Porém, após uma discussão com Rachel, resolve procurar a mãe e colocá-la diante de uma pergunta que não sai de sua cabeça. Quer saber o porquê de sua mãe, mesmo sabendo de seu estado deplorável, deixar para ela os cuidados do irmão. Indignada com essa terrível verdade esbofeteia a filha, que na mesma hora devolve a bofetada. Em desespero pega seu carro e tenta matar-se na mata, mas é salva pelo airbag do veículo. Na manhã seguinte, no dia do casamento, os guardas a encontram dormindo no carro e é levada para casa. Está tão fragilizada, que sua irmã ao vê-la ferida, compreende sua delicada situação e a aceita como ela é. Durante o casamento interracial, com os convidados descendentes de imigrantes vindos de diversos lugares como Ásia, Oriente Médio, África, Europa e Américas, as fortes cores das roupas se contrapõem com o preto e branco do pesado enredo. Os ânimos já serenaram, as duas irmãs estão reconciliadas e as músicas da festa não param. Desde o jazz, passando pelo rock, reggae e adivinhem – uma escola de samba - para exorcizar as culpas, as drogas e os medos inconscientes. O final é feliz, o que não faz da trama um acontecimento leve. Vamos conferi-lo?
Este belo filme define bem o multiculturalismo americano, principalmente com Obama na presidência, fazendo além de uma análise das famílias disfuncionais e referência à guerra do Iraque um retrato familiar sincero, sensível e por vezes hilário dos Buchmans e seus convidados cheios de generosidade e compreensão. O elenco é admirável pela variedade de personagens tão díspares e interessantes. Também do diretor “Filadélfia” e “O Silêncio dos Inocentes”.

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