domingo, 19 de abril de 2015

CASA GRANDE DE FELLIPE BARBOSA





BRASIL, 2014, 115 MIN., DRAMA
ELENCO:
THALES CAVALCANTI – JEAN
MARCELLO NOVAIS – HUGO
CLARISSA PINHEIRO – RITA
GENTIL CORDEIRO - SEVERINO

Casa Grande ganhou os prêmios do júri, ator coadjuvante (Marcello Novaes), atriz coadjuvante (Clarissa Pinheiro) e roteiro, no festival de Paulínia em 2014 e vários outros prêmios. Seu jovem diretor e roteirista Fellipe Barbosa, baseou o filme em sua própria vida, dando assim um ar de seriedade e confiabilidade ao trabalho. Trata-se de uma alusão ao livro Casa Grande e Senzala, sendo feliz no título. Jean é um adolescente de 17 anos, muito tímido e vigiado com mãos de ferro pelos pais. Mora em uma bela casa de 1.400 metros quadrados em um bairro nobre do Rio. Hugo, o patriarca, está falido, entretanto não dá sinais de empobrecimento tentando manter o motorista particular dos filhos e mais uma copeira (Clarissa), uma cozinheira e o motorista, Severino. Essa senzala é, na verdade, a maior fonte de compreensão e carinho que o protagonista possui. Ele tem uma irmã caçula, que, claro, considera insuportável. As dívidas de Hugo chegam a um ponto que é impossível continuar com tantos fruncionários, pois deve dinheiro aos amigos, não paga seus empregados, a escola e muitas outras dívidas importantes. A mulher decide ajudá-lo vendendo produtos de beleza a domicílio. Hugo não se comunica com sua família e despede o motorista, avisando o filho que começará a ir de ônibus para o Colégio São Bento, onde estudam apenas meninos de famílias abastadas e poucos bolsistas. Isso será a libertação pessoal de Jean, pois passará a conhecer outras pessoas, apaixonando-se por uma menina que deseja ser engenheira e estuda em escola pública, D. Pedro II. Em casa encontrava consolo no colo da copeira Rita (Clarisse Pinheiro) e aconselhamento com o motorista, que o pai diz estar de férias no Norte. Os temas abordados são bem atuais como o sistema de cotas em universidades públicas, que sua namorada defende com unhas e dentes, apesar de ser ótima aluna e a diferença de classes sócias tão presente no Brasil. Ela se considera parda, mas visualmente é branca. Seu pai é japonês e sua mãe mulata clara. Vive em São Conrado em um modesto imóvel. Durante um churrasco na mansão de Hugo, repleta de obras de arte e uma bela piscina, Jean convida a namorada e um acalorado bate boca se instala. Ela se mostra mais segura que Jean e mais vivida. O garoto vai presta vestibular como a namorada, mas não escolhe a profissão que gostaria de ter, pois é muito ligado a produção musical, coisa que o pai descarta de primeira. Teria de ser advogado e economista, coisas que nem passam por sua cabeça. Com todos os empregados demitidos, pressionado pela família e longe da “Senzala”, chega o dia do exame crucial. Com a cabeça girando a mil, não consegue se concentrar na prova e toma uma resolução que definirá seu futuro – abandona a sala e sai à procura de seus verdadeiros amigos e conselheiros, os ex-funcionários de sua casa que moram na favela. Encontrando essa família, sente que achou o que tanto procurava – amor, compreensão e liberdade. O longa-metragem termina em aberto, como não poderia deixar de ser. Ótimo filme nacional que foge dos estereótipos atuais e fala da inclusão social, amadurecimento e falcatruas.

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