BRASIL, 2014, 115 MIN., DRAMA
ELENCO:
THALES CAVALCANTI – JEAN
MARCELLO NOVAIS – HUGO
CLARISSA PINHEIRO – RITA
GENTIL CORDEIRO - SEVERINO
Casa Grande ganhou os prêmios do
júri, ator coadjuvante (Marcello Novaes), atriz coadjuvante (Clarissa Pinheiro)
e roteiro, no festival de Paulínia em 2014 e vários outros prêmios. Seu jovem
diretor e roteirista Fellipe Barbosa, baseou o filme em sua própria vida, dando
assim um ar de seriedade e confiabilidade ao trabalho. Trata-se de uma alusão
ao livro Casa Grande e Senzala, sendo feliz no título. Jean é um adolescente de
17 anos, muito tímido e vigiado com mãos de ferro pelos pais. Mora em uma bela
casa de 1.400 metros quadrados em um bairro nobre do Rio. Hugo, o patriarca,
está falido, entretanto não dá sinais de empobrecimento tentando manter o
motorista particular dos filhos e mais uma copeira (Clarissa), uma cozinheira e
o motorista, Severino. Essa senzala é, na verdade, a maior fonte de compreensão
e carinho que o protagonista possui. Ele tem uma irmã caçula, que, claro,
considera insuportável. As dívidas de Hugo chegam a um ponto que é impossível
continuar com tantos fruncionários, pois deve dinheiro aos amigos, não paga
seus empregados, a escola e muitas outras dívidas importantes. A mulher decide
ajudá-lo vendendo produtos de beleza a domicílio. Hugo não se comunica com sua
família e despede o motorista, avisando o filho que começará a ir de ônibus
para o Colégio São Bento, onde estudam apenas meninos de famílias abastadas e
poucos bolsistas. Isso será a libertação pessoal de Jean, pois passará a
conhecer outras pessoas, apaixonando-se por uma menina que deseja ser engenheira
e estuda em escola pública, D. Pedro II. Em casa encontrava consolo no colo da
copeira Rita (Clarisse Pinheiro) e aconselhamento com o motorista, que o pai
diz estar de férias no Norte. Os temas abordados são bem atuais como o sistema
de cotas em universidades públicas, que sua namorada defende com unhas e dentes,
apesar de ser ótima aluna e a diferença de classes sócias tão presente no
Brasil. Ela se considera parda, mas visualmente é branca. Seu pai é japonês e
sua mãe mulata clara. Vive em São Conrado em um modesto imóvel. Durante um
churrasco na mansão de Hugo, repleta de obras de arte e uma bela piscina, Jean
convida a namorada e um acalorado bate boca se instala. Ela se mostra mais
segura que Jean e mais vivida. O garoto vai presta vestibular como a namorada,
mas não escolhe a profissão que gostaria de ter, pois é muito ligado a produção
musical, coisa que o pai descarta de primeira. Teria de ser advogado e
economista, coisas que nem passam por sua cabeça. Com todos os empregados
demitidos, pressionado pela família e longe da “Senzala”, chega o dia do exame
crucial. Com a cabeça girando a mil, não consegue se concentrar na prova e toma
uma resolução que definirá seu futuro – abandona a sala e sai à procura de seus
verdadeiros amigos e conselheiros, os ex-funcionários de sua casa que moram na
favela. Encontrando essa família, sente que achou o que tanto procurava – amor,
compreensão e liberdade. O longa-metragem termina em aberto, como não poderia
deixar de ser. Ótimo filme nacional que foge dos estereótipos atuais e fala da
inclusão social, amadurecimento e falcatruas.
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