DESERT DANCER, INGLATERRA, 2014, 98 MIN. DOCUDRAMA
Atenção Spoiler
ELENCO:
REECE RITCHIE – AFSHIN GHAFFARIAN
FREIDA PINTO - ELAHEH
Esse ótimo filme enfoca aspectos do
Irã, contando a vida de Afshin Ghaffarian, um bailarino frustrado com a
repressão cultural, que deixou seu país em 2009. Começa com ele sendo surrado
nas areias do deserto. A cena seguinte volta 10 anos, mostrando sua infância.
Desde pequeno queria ser dançarino, apesar dos conselhos de sua mãe que teme a “política
moral” do país que pune com a morte quem a desobedecesse. Pequeno é espancado
nas mãos por estar dançando em classe. Contudo um mentor diz que o país é como
dois mundos paralelos e o envia a um grupo clandestino de artes que abriga meninos
e meninas como ele. Voltando ao presente, cursa, em Teerã, uma universidade
onde encontra vários amigos que pertencem ao submundo da arte, revoltados
contra o regime de intolerância. Alguns bastante drogados com a heroína
fornecida pelo próprio governo para entorpecer esses jovens subversivos. Mahmoud
Ahmadinejad tenta sua reeleição e possuía vários espiões infiltrados, os babas.
O encontro com os estudantes oposicionistas desperta ainda mais seu sonho de se
tornar um bailarino profissional e ter sua companhia de dança, mesmo que
secreta. Os dissabores desse grupo serão imensos e as frustações maiores ainda.
Conhece uma fantástica jovem dançarina, Elaheh, que havia aprendido com a mãe, primeira dançarina durante o Irã livre. Um
grande amor nasce e a jovem lhe transmite tudo que sabe. Dispostos a fazer uma
exibição no deserto e se libertarem, os dançarinos e alguns estudantes rumam
para um local isolado. A encenação é belíssima, parecendo um episódio bíblico
sobre a formação do homem por Deus, mas o espetáculo é quase abortado pelos
babas. Um de seus amigos, ator, vai representar oficialmente o Irã em Paris e
tem passaporte e bilhete. Será o diretor do grupo. Não podendo ir, oferece seu
lugar para Afshin, que relutante aceita a oferta. Sua dança é moderna e muita
expressiva, vindo da alma, representando seus conflitos e afetos. Já em Paris,
no palco com a casa cheia, não consegue esquecer sua pátria, desmascarando-se
diante de todos com uma apresentação onde é o oprimido e o opressor ao mesmo
tempo. A coreografia de Akram Khan é devastadora. Ele ainda vive na França e
seus companheiros continuam a atuar clandestinamente. Muito triste e revelador.
Ótimo e tocante.
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