LE SEL DE LA TERRE, FRANÇA, ITÁLIA, 2014, 110 MIN.
DOCUMENTÁRIO
Esse espetacular trabalho
realizado e dirigido pelo alemão Wim Wenders, narrador da trajetória do
brasileiro Sebastião Salgado, e por seu filho mais velho Juliano Ribeiro
Salgado descreve a trajetória de quarenta anos de profissão desse excepcional
fotógrafo social. Ele percorreu todo o planeta, a fim de demonstrar as mudanças
que têm ocorrido ao longo de décadas nos países supostamente representantes do
início da humanidade. São eventos
importantes que transformam e destroem povos, nações e etnias. Essas catástrofes
ocorrem não só no Brasil, América Latina, mas em todo planeta, sendo uma
denúncia enfática do desprezo pelo ser humano mais vulnerável e pelo meio
ambiente. Indicado ao Oscar de Melhor Documentário de 2015, ganhou vários
outros prêmios. Nascido em uma fazenda no Vale do Rio Doce, é educado segundo
as tradições regionais da época, com mais seis irmãs. Seu pai, fazendeiro,
queria que fosse advogado, mas ele decidiu estudar economia e foi muito bem
nessa profissão. Ao se casar com a arquiteta Lélia Deluiz acabam se refugiando
em Paris, durante a Ditadura Militar, onde residem até hoje. O filme mostra a
parte pessoal e afetiva da família que era desconhecida do grande público. Aos
30 anos, na França, compra uma máquina fotográfica para sua esposa, mas é ele
quem acaba se apaixonando pela fotografia e vendem seus pertences para iniciar
uma nova carreira, pois Lélia está por trás de todos os seus projetos. Ele
percorre a África assolada pela miséria para apontar a brutalidade e o
tratamento desumano a esse povo pobre e combalido, vitimado por inúmeras
guerras. Uniu-se ao projeto Médico Sem Fronteiras. Entretanto, não se acomoda
em um mesmo continente indo desde os polos gelados aos lugares mais quentes e inóspitos
como o Oriente Médio e cercanias. Suas imagens são impactantes e, ao fim da
ditadura brasileira, resolve fotografar a América do Sul. Inicialmente, nossos
vizinhos, seus costumes, necessidades, alegrias e finalmente chega ao Brasil.
Aqui, descobre uma tribo de índios considerada extinta e espanta-se com o
fenômeno da Serra Pelada, a seca no nordeste e o destino dos brasileiros
empobrecidos. Depois de muitas aventuras recebe como herança, em 1998, a
fazenda de seu pai. Contudo ela está totalmente diferente de sua infância - a
terra ressequida, sem vegetação ou água. Neste momento o casal resolve recuperar
algumas nascentes das margens do Rio Doce, plantando uma infinidade de mudas
típicas da Mata Atlântica. A mudança no local é gritante, com árvores já bem
crescidas, devolvendo a flora e fauna local, assim como a pungência dela. Essa
área de 700 hectares transformou-se no Instituto Terra, não mais pertencendo à
família Salgado. Com esse sucesso, o Instituto espalha seu conhecimento,
fornecendo materiais e técnicas importantes ao reflorestamento de áreas
brasileiras. É um filme magnífico e que certamente desperta no ser humano a
responsabilidade pessoal pela manutenção do planeta e seus projetos ecológicos.
É impressionante o olhar humano e caloroso de Sebastião Salgado, ele fala por
sua obra. Imperdível!
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