quarta-feira, 1 de abril de 2015

O SAL DA TERRA DE WIM WENDERS E JULIANO RIBEIRO SALGADO




LE SEL DE LA TERRE, FRANÇA, ITÁLIA, 2014, 110 MIN. DOCUMENTÁRIO
Esse espetacular trabalho realizado e dirigido pelo alemão Wim Wenders, narrador da trajetória do brasileiro Sebastião Salgado, e por seu filho mais velho Juliano Ribeiro Salgado descreve a trajetória de quarenta anos de profissão desse excepcional fotógrafo social. Ele percorreu todo o planeta, a fim de demonstrar as mudanças que têm ocorrido ao longo de décadas nos países supostamente representantes do início da humanidade.  São eventos importantes que transformam e destroem povos, nações e etnias. Essas catástrofes ocorrem não só no Brasil, América Latina, mas em todo planeta, sendo uma denúncia enfática do desprezo pelo ser humano mais vulnerável e pelo meio ambiente. Indicado ao Oscar de Melhor Documentário de 2015, ganhou vários outros prêmios. Nascido em uma fazenda no Vale do Rio Doce, é educado segundo as tradições regionais da época, com mais seis irmãs. Seu pai, fazendeiro, queria que fosse advogado, mas ele decidiu estudar economia e foi muito bem nessa profissão. Ao se casar com a arquiteta Lélia Deluiz acabam se refugiando em Paris, durante a Ditadura Militar, onde residem até hoje. O filme mostra a parte pessoal e afetiva da família que era desconhecida do grande público. Aos 30 anos, na França, compra uma máquina fotográfica para sua esposa, mas é ele quem acaba se apaixonando pela fotografia e vendem seus pertences para iniciar uma nova carreira, pois Lélia está por trás de todos os seus projetos. Ele percorre a África assolada pela miséria para apontar a brutalidade e o tratamento desumano a esse povo pobre e combalido, vitimado por inúmeras guerras. Uniu-se ao projeto Médico Sem Fronteiras. Entretanto, não se acomoda em um mesmo continente indo desde os polos gelados aos lugares mais quentes e inóspitos como o Oriente Médio e cercanias. Suas imagens são impactantes e, ao fim da ditadura brasileira, resolve fotografar a América do Sul. Inicialmente, nossos vizinhos, seus costumes, necessidades, alegrias e finalmente chega ao Brasil. Aqui, descobre uma tribo de índios considerada extinta e espanta-se com o fenômeno da Serra Pelada, a seca no nordeste e o destino dos brasileiros empobrecidos. Depois de muitas aventuras recebe como herança, em 1998, a fazenda de seu pai. Contudo ela está totalmente diferente de sua infância - a terra ressequida, sem vegetação ou água.  Neste momento o casal resolve recuperar algumas nascentes das margens do Rio Doce, plantando uma infinidade de mudas típicas da Mata Atlântica. A mudança no local é gritante, com árvores já bem crescidas, devolvendo a flora e fauna local, assim como a pungência dela. Essa área de 700 hectares transformou-se no Instituto Terra, não mais pertencendo à família Salgado. Com esse sucesso, o Instituto espalha seu conhecimento, fornecendo materiais e técnicas importantes ao reflorestamento de áreas brasileiras. É um filme magnífico e que certamente desperta no ser humano a responsabilidade pessoal pela manutenção do planeta e seus projetos ecológicos. É impressionante o olhar humano e caloroso de Sebastião Salgado, ele fala por sua obra. Imperdível!

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