THE HUMBLING, EUA, ITÁLIA, 2014, 112 MIN., DRAMA.
ELENCO:
AL PACINO –
SIMON AXLER
GRETA
GERWIG – PEGEEN
KYRA
SEDGWICK
DIANNE
WIEST
Barry Levinson inspirou-se no
melhor autor da literatura judaico-americana, Philip Roth, e seu trabalho The Humbling,
para fazer um filme de alta qualidade. Também a opção pelo grande ator Al
Pacino foi perfeita pois, tanto na ficção como na realidade, ambos estão com
mais de setenta anos. O tema é pesadíssimo e lembra por vezes Birdman. Como é do
estilo de Roth seus livros baseiam-se em sua vida privada, por vezes, e por conta
de sua idade, cada vez mais fala sobre a velhice e a solidão. Simon Axler é um
ator conhecido e respeitado, contudo em seu último trabalho, já em declínio
físico e mental, na última cena cai do palco e não lembra direito de suas
falas. Depois de tentar suicídio à la Ernest Hemingway é internado em uma
clínica psiquiátrica. Ele acredita que o mundo é um palco e as pessoas meros
atores. A vida é uma peça de 7 atos e cada um deles representa uma idade. No
hospital, conhece uma jovem que quase perdera a razão por ter visto seu marido
molestar sua filha. Confusa, pede para que ele mate seu esposo, pois ele fizera
isso muito bem em um filme. Apesar de suas explicações, ela não aceita o fato e
irá atrás dele até o fim. Quando volta para casa, continua fazendo terapia via
Skype. Al Pacino se incorpora completamente em seu papel. Morando em uma casa
belíssima no meio de um bosque tem como companheira somente uma diarista que o
visita semanalmente. Um belo dia aparece em sua casa, com toda a familiaridade,
uma jovem despojada que traz várias coisas para ele, a pedido de seus pais,
ex-atores e amigos de juventude de Simon. Ela é lésbica e aos oito anos fora
completamente apaixonada por ele com 40, sentimento do qual ainda não se descartou
por completo. Simon absorve com alegria essa jovem e chega a comprar roupas
mais femininas para ela e começam um desastroso romance. O filme é mesclado com
as sessões de terapia para termos um norte sobre sua recuperação. Pegeen é
professora de teatro em uma universidade e abandona a ex-namorada (uma jovem
negra travesti) para morar com o ídolo. A princípio funciona, apesar da
diferença de idade e da decrepitude precoce do protagonista, que não quer
voltar ao teatro de modo algum, pois apesar de ter certeza que não se trata de Alzheimer,
está tomado por uma inércia desconcertante. Na verdade Pegeen está procurando
sua força e talento que já não são como antes. Simon chega a receber a visita
dos pais e da mãe, sozinha, que levanta a possibilidade dela ser sua filha.
Quando sua situação financeira chega ao mínimo, aceitaria até fazer
publicidade, mas seu agente descola para ele representar o Rei Lear de
Shakespeare. Uma das melhores coisas desse filme são as várias falas entre os
protagonistas que relembram as belíssimas peças do bardo inglês. Com ausências
e devaneios ele leva sua vida em frente, mas está absolutamente atemorizado com
sua volta artística. O espetáculo acontece com sucesso, mas depois da morte de
Cordélia, ele surpreende a plateia com algo muito acima do esperado.
Ótimo filme que, como todos os últimos
trabalhos de Roth, mostra o lado dantesco da velhice que se aproxima, sempre
pincelada com episódios doloridos de doenças próprias da idade. Al Pacino está
à altura do grande escritor, como o excelente ator que sempre foi. Imperdível.
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