sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Elizabeth - A Era de Ouro






ELIZABETH – A ERA DE OURO, é um filme biográfico, seqüência de Elizabeth de 1998. O diretor indiano Shekhar Kapur, dirige com maestria esse épico que se passa entre 1555 e 1558. A Espanha de Felipe II (Jordi Mollà) encontra-se no auge de sua força política e também no auge da inquisição, que controlava, manipulava e massacrava todos que não seguissem a religião católica, com a ajuda dos jesuítas. Em nome de Deus o cruel e vaidoso rei, decide atacar a Inglaterra protestante de Elizabeth I (Cate Blanchett), agora mais madura e confiante. Ela não admitia perseguir os papistas de seu reino, pois não controlaria as reflexões e convicções individuais, só seus atos seriam julgados. A rainha Mary Stuart, sua prima católica achava-se presa, mas conseguia comunicar-se com o rei Felipe, através de correspondência clandestina, e juntos arquitetavam a melhor hora para atacar os ingleses.
Elizabeth era chamada a Rainha Virgem, por ser solteira e seu fiel conselheiro Sir Francis Walsingham (Geoffry Rush) tentava persuadi-la a se casar. Numa das audiências públicas, aparece o aventureiro Walter Raleigh (Clive Owen), que tendo voltado do Novo Mundo, lhe traz uma arca de presentes contendo batatas, tabaco e grande quantidade de ouro. Os primeiros ela recebe, mas o último dispensa, pois suas convicções não permitem que o aceite. Clive convence-a de que o ouro é espanhol, e a Espanha é sua inimiga. Os espanhóis presentes retiram-se imediatamente, a ameaçando com uma guerra. Durante sua presença na cerimônia, Walter conta como enfrentara, a solidão do mar imenso, sem limites, e a alegria de avistar a terra, aos poucos, depois de tanta solidão e sacrifício. Walter quer a permissão da rainha para voltar ao lugar descoberto, que chamou de Virgínia, em sua homenagem. Entre eles nasce uma grande admiração mútua, que por parte dela não pode ser correspondida pelo peso de seu título e de sua posição, como protetora da Inglaterra. Porém a belíssima Bess (Abbie Cornish) é encarregada de mantê-lo por perto, surgindo também entre os dois um início de romance mais plausível. Walter com a ameaça de guerra é feito seu capitão pessoal, sendo nomeado Sir Walter Raleigh. Essa nomeação o desagrada por ter sido imposta a um homem livre de espírito. Elizabeth demonstra dificuldades em balancear seu lado amoroso, feminino com seu lado profissional, como rainha de um dos maiores impérios europeus. Sente-se tolhida e prisioneira de um título, sem vontade própria e sem ser amada como mulher. Uma noite, sentados ao pé de uma lareira ela lhe pede que faça algo que há muito tempo esta privada. Que lhe dê um beijo, contudo ele deverá ser esquecido. O gesto é rápido e delicado. Vemos então sua carência de afeto.
No decurso desse tempo, os espanhóis, com sua gigantesca armada, estão preparados para a ordem de ataque de Mary Stuart, que descoberta por Sir Francis e outros nobres ingleses, é condenada à morte por decapitação. Apesar dos pavores cometidos pelos inquisidores contra os católicos, Elizabeth não concorda com tal atitude, pois Mary é uma rainha. Sir Francis observa que a lei tem que ser para todos, pois ela serve para proteger o povo. Diante de tal argumento, ela cede e aguarda desesperada o desfecho. Bess grávida de Walter esconde o fato da rainha, que, ao descobrir, a humilha na frente de Walter, a chamando de sua cadela com coleira, que só poderia mover-se e ter um filho com sua ordem e autoridade. Expulsa do local, Bess vai ter com seus pais e Sir Walter é aprisionado. Mr. Dee, o astrólogo pessoal de Elizabeth, prevê grandes tragédias para ela e seu reino. Sabendo que os espanhóis já se acham em alto mar, com centenas de navios e vinte e cinco mil homens, precisa elaborar um rápido e contundente plano de guerra. Apesar de enfraquecida pelo amor frustrado, aconselha-se com seus nobres e Mr. Dee, o qual declara não saber o que fazer diante de tal tempestade. Sabiamente ele relata que é durante as tempestades que se revela o verdadeiro caráter das pessoas. Algumas se escondem ou fogem, mas outras mostram sua verdadeira face e criam asas voando sobre as nuvens como verdadeiras águias. Isso fortalece Elizabeth que, como um general, sobre um enorme mapa mundi feito de mosaico no chão, traça sua defesa e manda convocar os camponeses e presos, inclusive Walter, a fim de que todos juntos possam defender o solo inglês. Navios são mandados para atacar o inimigo sem sucesso, até que Clive sugere que embarcações incendiárias sejam enviadas para o oceano, antes que cheguem à Inglaterra. Elizabeth, a cavalo e com armaduras de guerra, se junta ao povo para atacarem. Quer fique viva ou morta estarão sempre juntos. Essa atitude dá novo ânimo aos guerreiros. Sem dúvida uma bela cena!
Os navios espanhóis, ao vislumbrarem os ingleses, baixam âncora, para aguardarem o que sucederá. As embarcações incendiárias aproximam-se o mais perto possível e ao ficarem quase colados, encharcam os barcos com piche e ateiam fogo, jogando-se ao mar. Os inimigos, encontrando-se ancorados, levam algum tempo para poder atacar, mas, surpreendidos, acabam derrotados. A câmera sob a água apresenta cenas extraordinárias, pois mostram as pessoas, os pertences dos navios como terços e cruzes e um lindo cavalo branco, afundando no mar.
Felipe, durante a batalha, reza sempre diante de um castiçal com vela acesa e diz a Deus que ele é a luz e Elizabeth a escuridão. Derrotado apresenta-se com seus guerreiros à Elizabeth. Arrasado e aniquilado pede perdão por sua arrogância ao Senhor, que enviou sua ira contra ele. Esse tipo de superstição é que a rainha não tolera.
Passado esse episódio, a alteza real pede para abençoar o filho de Bess e Walter. Com ele em seus braços, reflete o quanto é solitária: solteira, sem filhos e sem marido. Contudo é a mãe do povo inglês, sua Rainha e Dona de Si Mesma. Pede a Deus que a proteja de liberdade tão prodigiosa.
Todos os atores representam divinamente bem nesse filme, as cenas são muito reais, os diálogos atuais e inteligentes. A mulher de hoje exerce quase o mesmo papel duplo que Elizabeth exercia. A perseguição vê-se, hoje, representada pelos extremistas islâmicos ou qualquer outro setor intransigente da sociedade. O figurino é admirável, com seus vestidos de veludo e seda, suas enormes golas de finíssima renda e os bordados caríssimos. A ambientação é perfeita, os pálios claros e enfeitados sempre sobre a majestosa rainha. As festas, a comida farta e a rica prataria e porcelana. O trono do castelo e todo o seu mobiliário ajudam-nos a compreender melhor a pujança inglesa do século XVI.

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