quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O amor nos tempos do cólera








Filme de Mike Newell adaptação do livro homônimo de Gabriel García Márquez

Trata-se de uma belíssima história de amor, ao mesmo tempo, universal e atemporal. É uma história crivada de reflexões, cartas, pétalas secas de rosa, espera, lembranças que teimam em continuar vivas e uma eterna paixão. O filme começa quase no seu final, em 1930. Num luxuoso solar colombiano, morre seu proprietário, um médico querido do povo pelo seu desempenho nos tempos da epidemia cólera. O repicar prolongado dos sinos é ouvido pelo seu rival, Florentino, agora um septuagenário. Vemos a condoída viúva com seus filhos durante o funeral. Quando Fermina entra em sua casa encontra Florentino, seu primeiro amor, timidamente segurando o chapéu. Ao vê-la, sem nenhuma hesitação, declara seu amor incondicional e único, mas esse é um momento de muita dor e ela o expulsa da casa. A partir daí o passado dos dois será revelado.
Nos idos de 1880, em Cartagena, Colombia, o jovem telegrafista, Florentino Ariza (Javier Bardem, excelente) filho ilegítimo de um homem rico, vive com sua mãe (Fernanda Montenegro) e trabalha perto do cais. Ao receber uma mensagem no telégrafo, tem que levá-la a um casarão maravilhoso de propriedade de um riquíssimo criador de mulas, recém chegado à cidade. Entrando na residência ,depara-se com a jovem, Fermina Daza (Giovanna Mezzogiorno), por quem se apaixona perdidamente. É seu primeiro amor. Um romance inocente inicia-se através de cartas apaixonadas. Com o passar do tempo Florentino, um jovem tímido, decide falar com sua amada, a fim de poder vê-la, tocá-la e beijá-la. Entretanto o pai de Fermina tem outros planos para ela, um casamento com alguém culto, rico e respeitado, para que se torne uma verdadeira dama. Percebendo a audácia de Florentino quanto à sua paixão, pois este lhe revela que não teme morrer por amor, decide enviá-la para uma fazenda, no meio da floresta tropical, quente e distante. O relacionamento continua, por telegramas, e no decorrer de um longo tempo eles não se vêem.
Chegando novamente em Cartagena, seu pai, homem muito astuto, entrega à sua filha a chave da casa, dizendo-lhe que agora seria a dona do solar, pois mais amadurecida, poderia cuidá-lo como quizesse. A responsabilidade estampa-se no rosto de Fermina. Agora é só ela e o pai viúvo. Florentino, que jamais a esqueceu e acreditou nas suas cartas de amor, aborda-a em um mercado. Contudo ela o rejeita, alegando que ao vê-lo, depois de tanto tempo, não o queria mais. A cólera arrasa a cidade e seu pai chama um médico, Dr. Juvenal Urbino, para examiná-la. Ali surge uma atração entre ambos, principalmente pelo olor irresistível exalado de seus cabelos. Casam-se e viajam para Paris. Florentino assiste a todo esse processo, incrédulo. Jura que nunca deixará de amá-la, mesmo à distância. Muitos anos se passam e Florentino de um jovem solitário passa a ser um homem atraente, carismático e rico, pois seu tio o nomeara para a presidência da firma de navegação fluvial. As mulheres adoram-no e ,perguntado por um grande amigo, a razão de tal sucesso confessa que talvez seja o fato de ele ser simples, aparentemente carente de amor e sincero. Apesar de todas as mulheres que contabiliza num caderninho, com o título de “Mulheres” (agora são mais de setecentas) ele se considera um "virgem" a espera de seu verdadeiro amor. Apaixona-se, novamente, mais uma única vez. A amante é muito jovem e recém-casada e é assassinada a golpes de faca por seu marido, quando descobre que ela o trai. Arrasado pelo acontecimento que ele provocara, reflete sobre o amor, suas idas e vindas, a inconstância, o desejo nunca realizado e a obsessão que, apesar de amenizada, nunca é esquecida. Voltamos ao inicio da película. Ao ouvir os sinos dobrarem, estava com uma jovem amante, mas se apressara para ver Fermina, pois agora, depois de mais de cinqüenta anos chegou sua chance única!
Florentino não desiste de Fermina tão facilmente, aos poucos conquistando seu amor e principalmente sua confiança. Decididos a tomar alguma posição mais concreta, decidem viajar num dos barcos da Compania. A viagem é feita na suíte presidencial, que ele gostaria que se chamasse “suíte de lua de mel”. Dando todo o tempo necessário a sua amada, chegam, finalmente, a fazer amor. Um amor maduro, sem medo, sem impedimentos. Ela receiava que seu amado se decepcionasse com seu corpo envelhecido de uma senhora de setenta e dois anos, contudo, apaixonadamente é recebida e bem vinda por ele!
O diálogo entre os amantes é sincero e reflexivo. Como ela poderia ter sido feliz em um casamento imperfeito? Como pode se casar com alguém que admirava, mas não amava? Florentino responde que o amor deles é uma fina substância a espera de “seu senhor”. A última cena é de um colorido maravilhoso, um por do sol refletido no rio, com fortes nuances de ouro e marrom e toques de prata, representando a finalização de uma espera que valeu a pena!

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