sexta-feira, 29 de agosto de 2008

JOGOS DO PODER


deMike Nichols

1980 – COMO UM DEPUTADO DO SEGUNDO ESCALÃO, UMA BILIONÁRIA SENSUAL RECÉM- CONVERTIDA AO CRISTIANISMO E UM BALOFO E ASTUTO AGENTE DA CIA CONSEGUIRAM ENGANAR OS RUSSOS E VENCER A GUERRA DO AFEGANISTÃO
Esse título que dei para JOGOS DO PODER do ótimo Mike Nichols de 76 anos é uma paródia do título do livro 1808 de Laurentino Gomes[1]. Mike juntamente com o roteirista Aaron Sorkin conseguem realizar um filme leve e interessante, baseado no livro de George Crile.
Ano 1988. Na primeira cena vemos uma cerimônia oficial americana para a entrega de uma condecoração importantíssima que nunca antes no país (no linguajar de Lula) havia sido entregue a um civil. O homenageado é o deputado Charlie Wilson (maravilhoso Tom Hanks), que a recebe com lágrimas nos olhos de tanta emoção!
Ano 1980. Em uma enorme banheira num hotel em Las Vegas, temos dois homens e três mulheres nus, bebendo champanhe e se drogando. Um deles é o deputado boa-praça do “baixo clero”, Charlie, que apesar de bêbado e drogado não perde de vista um noticiário sobre a guerra do Afeganistão, que fora invadido pelos russos na época da guerra fria, destruindo esse pequeno território. Portanto os Estados Unidos não podiam tomar qualquer passo que fosse decisivo para ajudar o país e, seus congressistas também não estavam nem um pouco interessados no assunto, aparentemente sem relevância. Charlie comunicando-se com uma exuberante, sensual e poderosa bilionária texana, Joanne (ótima Julia Roberts), recém-convertida ao culto evangélico, atende a seu pedido de tentar combaterem, juntos, a guerra no Afeganistão, pois sendo ela de extrema-direita não concorda, absolutamente, com o comunismo nem com a falta de liberdade religiosa imposta pelo regime.
Charlie é um carismático político texano, reeleito inúmeras vezes, contudo corrupto, demagogo e ao mesmo tempo bem relacionado com os demais membros do congresso, por inúmeros favores que lhes presta. Desacreditando da possibilidade de êxito nessa missão que envolve grandes planos e milhões de dólares, Charlie Wilson, mesmo assim, se esforça ao máximo para obter uma verba significante para a compra de armas. O sucesso é pífio, mas a classuda e elegantíssima Joanne, muito bem relacionada, consegue uma viagem para o Paquistão a fim de que ele se encontre com seu presidente. Testemunhando as condições dos afegãos, nos campos de refugiados - tão grande quanto a vista possa alcançar- toma a causa como própria e para solucioná-la percorre todo o congresso atrás de verbas, em troca de favores. Um agente da CIA Gust Avrakotos (ótimo Seymour Hoffman) é apresentado a Charlie e, nesse ponto, o filme torna-se um desenrolar de suspense, viagens ao oriente e conchavos entre políticos importantes de Israel, Paquistão, Egito e Estados Unidos que acabam na aquisição de um bilhão de dólares por parte de Wilson! Agora, depois de anos, nosso herói encontra-se mais amadurecido e confiante, para ajudar o massacrado Afeganistão. O responsável pela escolha das armas de guerra é um incrível jovem de 29 anos, genial e preparadíssimo, sabendo tudo sobre mísseis e material bélico. Com a chegada das novas armas os russos, já blasés com tantas vitórias, acabam abatidos e batem em retira para a Rússia, através da “Ponte da Amizade”, na fronteira da Rússia como Afeganistão. Ao país muçulmano, ainda soterrado em dificuldades, é negada a quantia de um milhão de dólares para a construção de uma nova escola. Para desespero de Charlie, agora não interessa mais aos Estados Unidos oferecer nenhuma ajuda humanitária. Voltamos para 1988, na primeira cena onde Charlie é condecorado. O filme termina aí, seguido de uma menção que as armas abandonadas teriam suprido os talibãs e a Al Qaeda. Os americanos acabaram fazendo uma verdadeira “shit”. A interpretação de Hanks é excelente, sempre com o cenho fechado e os olhos azuis com uma expressão patética de incredulidade misturada com medo. Hoffman é muito convincente no papel do bem articulado e inteligente Gust Avrakotos. Julia Roberts personificando a bilionária deslumbrada e poderosa está perfeita na sua interpretação. O filme baseado em fatos reais agrada.
[1] 1808- Best seller de Laurentino Gomes sobre a vinda da família real ao Brasil

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