quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O CAÇADOR DE PIPAS


de Marc Foster

Livro de Kladed Hosseini - Adaptado e dirigido por Marc Foster (The Kite Runner)
Califórnia, 2000. Vemos um parque todo gramado e um jovem de feições árabes ansioso. Chega um mensageiro com uma caixa pesada. Recebendo-a, a leva para seu apartamento onde sua jovem esposa o aguarda. Abre-a, ansiosamente, e lá estão seus primeiros livros publicados. Sua esposa comenta que é como um primeiro filho e ele consente. Nesse momento toca o telefone. É um velho amigo de seu pai, ligando do Paquistão insistindo para que ele volte para lá, imediatamente, pois ele é um homem bom e o senhor está muito doente. O diálogo é tenso.
Afeganistão 1978. Crianças empinam pipas sob o céu azulíssimo, em um campeonato de pipas. A paisagem é linda com muitas pedras brancas e, ao fundo, uma cadeia de montanhas de pedras, recobertas por neves eternas, e poucas árvores que são veneradas pelos habitantes. Numa delas está gravado “Amir e Hassan sultões do Afeganistão”. Dois garotos, especialmente, são unidos como irmãos. Amir e Hassan participam do campeonato, mas perdem. Amir é bom e generoso e Hassan, que tem no amigo um ídolo se propõem a comer terra se isso aliviar sua dor, mas ele diz que jamais pediria isso. Entram em casa e lá está o pai de Amir, homem riquíssimo, culto e liberal, conversando com seu melhor amigo. Discutem sobre os comportamentos díspares dos dois meninos. Amir é fluente (quer ser escritor), porém, tímido e inseguro e Hassan, filho do caseiro Ali, é leal, fiel, destemido (levando sempre um estilingue no bolso), defendendo sempre seu companheiro nas brigas de rua com meninos maiores. O pai gostaria que Amir fosse igual a Hassan e seu interlocutor reponde que crianças não são livros de colorir, onde você escolhe as cores que prefere. Elas são como são. Amir ouve e vai para o quarto muito abatido.
No próximo campeonato eles vencem, graças à fibra de Hassan, e o pai fica felicíssimo, emoldurando a pipa vencedora. Hassan, em busca do papagaio perdedor, é estuprado e espancado por três adolescentes, cujos pais conhecem a família. A barbárie é observada por Amir que, tímido e medroso, se esconde para não ter de defender seu protetor, que chega sangrando, mas não articula uma palavra sobre o ocorrido. Esse é o momento crucial no término da amizade, por parte de Amir, que corroído pela inveja e se sentindo covarde, passa a ignorá-lo e planta uma acusação contra ele. Esconde seu relógio novo, no quarto do garoto, sob o travesseiro. Questionado pelo patrão, Hassan olha fundo nos olhos de Amir e confirma o roubo, para não deixá-lo constrangido perante o pai, homem com grande senso de justiça. É imediatamente perdoado, mas eles abandonam a casa por motivo de honradez, para desespero do patriarca, dono da habitação.
Um ano após esse incidente, os russos invadem o Afeganistão, deixando-o aniquilado, mas eles conseguem fugir para o Paquistão, à custa de muito dinheiro, em condições perigosíssimas, viajando precariamente pelas geladas montanhas.
Califórnia, 1998. O pai de Amir é dono de um posto de gasolina e um homem muito bem sucedido. É a formatura de Amir na faculdade local. Seu pai deseja que ele faça medicina, mas ele quer ser escritor, pois continua escrevendo diversas histórias. Moram em um bairro, predominantemente afegão, onde durante um bazar ele conhece e se apaixona pela filha de um ex general afegão, que não vê com bons olhos o namoro. Acuado ele não insiste, mas a garota também se enamora dele. O pai de Amir está muito doente e antes que o pior ocorra, pede a mão da jovem em casamento para o filho, mas antes de se unirem ela conta o seu passado: já morara por um mês com um jovem afegão, por quem se apaixonara, tempos atrás. Seu pai a segue e descobrindo o paradeiro deles, a obriga a voltar para casa. Amir aceita o fato e diz que a ama do mesmo modo. Casam-se, numa cerimônia típica, e o pai do noivo falece, mas não sem antes abençoá-los, os beijando com muito carinho e amor. Pouco depois, em decorrência do telefonema do início do filme, Amir parte para o Paquistão a fim de rever o tão querido amigo de seu pai, que lia todas as suas histórias de infância e o incentivava. Ao encontrá-lo, descobre que o verdadeiro motivo da chamada é um segredo: seu pai teve na juventude um filho com a criada da casa e Hassan é seu irmão, que ele tentou esquecer roído pelo ciúme. Hassan e sua mulher foram assassinados pelos talibãs, tentando defender a casa de seu pai, e só seu filho ficou vivo.
Amir custa a acreditar, mortificado por remorso e à procura de redenção, segue para sua terra natal, agora sob o jugo dos talibãs, em busca do sobrinho, que vive em um orfanato. A viagem é arriscada, mas ele a faz como uma expiação por suas culpas e fraquezas. O jovem rapaz fora vendido para um oficial talibã homossexual. Amir traça um perigoso plano para recuperá-lo, indo encontrar-se com o oficial, que não é outro senão o estuprador de seu irmão. As cenas são fortíssimas, Amir, espancado brutalmente, é salvo pelo sobrinho, que utiliza o mesmo estilingue do pai, e fere gravemente seu opressor. Voltam para o Paquistão, mas o velho amigo já havia morrido.
Califórnia, 2000. Seu sobrinho, por se sentir impuro e assustadíssimo, não se comunica com ninguém. Amir protege seu amado filho adotivo, já que não podem ter um deles mesmos. Defende-o com coragem e amor em todas as circunstâncias, inclusive enfrentando o sogro, arrogante general. Vemos o mesmo gramado em frente à sua casa. Lá estão muitas crianças de origem afegã, brincando com pipas. Nosso pequeno herói só observa, com seu rosto e olhos de origem hazara (a mesma de seu pai e tio) parecendo um pouco um mongol, nariz pequeno e cabelos lisos. Introspectivo não brinca com ninguém, mas Amir compra-lhe uma bela pipa com carretel, como as da sua infância, que tem de ser empinada a dois. Assim, pouco a pouco, conquista a confiança e o calor humano de nosso herói.
O filme acaba exatamente nessa cena muito adocicada para o padrão da película, mas é como acaba e não pude pintá-la com as cores de minha preferência. É um bom filme que discute a redenção, a lealdade sem limites, nobres princípios muçulmanos, não radicais e principalmente a amizade e fidelidade levadas às últimas conseqüências.
Amir ( Zekiria Ebrahimi)
Hassan (Ahmad Khan)
Pai (nome não mencionado, ótimo ator)

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