quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Todos Contra Zucker




Dirigido por DANI LEVY
Essa deliciosa comédia de Dani Levy[1] (Alles auf Zucker!) tem o típico humor judaico que é tão bom quanto o inglês. Primeira cena: um quarto de hospital com um paciente de meia idade sendo tratado por dois enfermeiros gays, que têm certeza que o enfermo em coma, está gozando da cara deles. Trata-se de JaKob Zukermann (ótimo Henry Hübchen), um safado beberrão e jogador, que tem dois filhos e uma neta com os quais mal fala. Sua mulher também é totalmente ignorada. Seu desequilíbrio leva-o, sempre, a viver nos extremos. Sempre bebendo e jogando demasiadamente (qualquer coisa!) para sobreviver e saldar suas inúmeras dívidas, não encontra espaço para mais nada. Jogador de sinuca inveterado é um dos melhores de Berlim, mas não sabe se poderá participar do torneio internacional de sinuca, por falta de dinheiro para a inscrição. Comunista vivia, antes da queda do muro de Berlim, no lado oriental onde era um famoso comentarista de esportes na televisão estatal. Tinha uma vida com a família de certa forma razoável. Após a queda do muro encontra-se sem emprego e parte para a jogatina: cartas e sinuca. Dono de um clube de “solitários”, onde não faltam mulheres seminuas, jogos e bebidas, é sócio de uma enfermeira, mas o clube terá de ser fechado por absoluta falta de controle administrativo. Esbofeteado após uma partida de cartas entra em casa sangrando e é expulso por sua mulher, que já não suporta mais vê-lo sempre no limite.
Intimado pela justiça a pagar suas dívidas de 45.000 euros, seu próprio filho, um belo rapaz gago e...gay? entrega-lhe o documento para que compareça perante o juiz. Desesperado nosso anti-herói trapalhão vai ao encontro de sua filha e neta, cujo nome esqueceu, para pedir apoio e dinheiro. Enxotado vê-se sem saída, encaminhando-se para o clube de mala e cuia. Nesse ínterim sua esposa recebe um telegrama revelando que sua mãe, que mora em Frankfurt, faleceu. De maneira que ele receberá a visita do irmão judeu ortodoxo, o qual virá para Berlim, com a família e o caixão, para enterrarem a mãe, que deixou uma herança.Porém ninguém sabe o valor e será dividida entre os dois irmãos. Há um custo para isso, eles terão de observar um luto de sete dias, com toda a família reunida, sem saírem de casa e o dinheiro só será recebido após a confraternização de toda a família. Ocorre que esta cerimônia será julgada de perto pelo rabino e seu sobrinho ultra-super-ortodoxo. Essas duas famílias tão diferentes em credo e atitudes só são parecidas em uma coisa: o desajuste familiar. Zucker e sua mulher, agora simulam viver em harmonia e procuram entender sobre o judaísmo. Sua filha lésbica, mãe de sua netinha de dez anos, não quer ajudar o pai e seu filho atrapalha-se com tudo, sendo de pouquíssima valia. Quanto ao tio, se veste de preto da cabeça aos pés, aliás, não só ele como sua obesa mulher, sua altíssima filha conquistadora e sensual e seu, também altíssimo filho super-ortodoxo. Reunidos são uma visão e tanto! Zucker encontra na filha uma aliada, pois ele precisa participar do torneio que coincide com a data do sepultamento de sua mãe. Os irmãos não se suportam e terão de resolver essa situação, de alguma maneira. As famílias se dão bem. A essa altura do filme descobrimos que a sobrinha dará em cima de seu filho até que ele ceda e perca a virgindade. Nessa idade ainda é romântico para surpresa da prima. Zucker, que alega abandono da família. Ficara sozinho na Alemanha oriental, mas por não querer largar o esporte, alegando, coitado, ter sido deixado para trás aos quatorze anos. Seu rico irmão está para lá de endividado e precisa da herança. Nosso herói e sua mulher, pasmem, passam a se dar bem. Sua filha que mora com outra mulher, há muito tempo, ama o sobrinho ortodoxo e tivera uma filha com ele há dez anos, mas ele fugiu a procura de Deus. Ao descobrir a verdade ele desmaia de emoção, mas acabarão juntos! As duas cunhadas se dão muito bem! E o campeonato mundial de sinuca? Vai muito bem. Com o apoio de sua filha esportista, Zucher entrará numa verdadeira maratona de vida ou morte, que simula nos horários dos jogos. Sempre um mal súbito o acomete e precisa ser internado no hospital, levado pela filha que o conduz diretamente ao estádio, onde se realizam os jogos. Sua amiga e sócia enfermeira se incumbe de arranjar a ambulância e todo o suporte médico. Já nas quartas de finais, mas desgastado de tanta correria, mentiras e uma droga fortíssima que tomou, acidentalmente, na casa da filha como sendo aspirina e que foi ingerido também pelo seu irmão (ficaram totalmente altos e descontraídos), perde o campeonato por atraso de vinte minutos. O ucraniano vencedor por WO propõe uma partida, no valor de cem mil euros, para que vença o melhor. Em meio a tal confusão, sua mulher resolve contar toda a verdade, que é bem aceita pela família, a qual até reúne o valor de vinte mil euros para ele entrar no embate. Supondo ter vencido, pois atingira 100 pontos, tem um enfarte e, depois de alguma descrença, encontra-se na cena inicial. Sua recuperação ocorre, pois é um lutador, mas uma desavença com seu irmão, que lhe conta que o ucraniano é quem venceu, pois ele apoiara os dois braços na mesa, tem uma síncope e ambos são internados no mesmo quarto, com a vigilância do rabino, amigo de Rebeca, que resolve dar-lhes uma segunda chance. Turrões e obstinados não se falam e o tempo já está e esgotando para fazerem as pazes e dividirem com o rabino a famosa herança em ações. Há tantas Zucker fala ao seu irmão que não desgosta dele, que até está passando a compreendê-lo melhor (o que não se diz por dinheiro) e finalmente os dois se abraçam, enrolados nos tubos de remédios espetados em seus braços. Agora chegou a hora de sabermos o valor das ações. O rabino está ansioso, pois a metade é sua, e o resto da família. O veredicto: elas não valem um centavo! Mas ajudou, e muito na reconciliação das famílias, que unidas passam a movimentar-se muito entre Frankfurt e Berlim. Ah! Esqueci de relatar: o ucraniano divide o premio ao meio e paga suas dívidas de 45.000 euros e o troco é entregue diretamente a Zucker. Final feliz!






1/3/2008
[1] Dani Levy é suíço alemão

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